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Grande ABC volta a contratar após 28 meses

Saldo fica positivo em 845 vagas em abril;
indústria, no entanto, segue como o setor mais crítico

Gabriel Russini
Especial para o Diário
17/05/2017 | 07:26
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Divulgação


Após 28 meses, o saldo (contratações menos demissões) de empregos formais no Grande ABC voltou a ficar positivo. O último mês em que houve mais admissões do que cortes foi em novembro de 2014, com a geração de 1.502 postos com carteira assinada.

Em abril, foram geradas 845 vagas. Quando comparado ao desempenho do mesmo mês do ano passado é possível notar desaceleração no ritmo de dispensas, já que à época foram registradas 2.154 baixas. Frente a março, o movimento é o mesmo, quando houve 1.979 cortes.

Apesar da inversão na curva da geração de emprego, porém, no acumulado de 2017 o cenário ainda é ruim e o saldo está negativo em 3.981 postos.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), foram levantados pela equipe do Diário.

Dos quatro setores analisados, o único que ainda não deu sinais de recuperação foi indústria, que amargou 562 demissões em abril. Devido à grande concentração de empresas do setor automobilístico, um dos mais afetados pela crise, as sete cidades demoram mais para se recuperar economicamente.

Os demais setores encerraram o mês passado com desempenho positivo: comércio (412 vagas), serviços (932 oportunidades) e construção civil (63 postos).

Depois de registrar a extinção de 63.624 empregos apenas em março, o Brasil também voltou a fechar no azul, com saldo positivo de 59.856 vagas.

Ao analisar as sete cidades, a que apresentou maior dispensa de funcionários com registro em carteira foi Ribeirão Pires, com 134 cortes, Rio Grande da Serra também verificou saldo negativo de dois postos.

Em contrapartida, o município que apresentou o melhor saldo de geração de emprego foi São Bernardo, com 479 vagas, o que corresponde a 56% do bom desempenho da região. Mauá registrou a criação de 170 postos, seguido de Santo André, com 167, São Caetano, com 95, e por fim, Diadema, com 70. Entretanto, no quadrimestre, nenhuma cidade verificou saldo positivo no emprego.

CEDO PARA COMEMORAR - Na avaliação do coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o resultado positivo é um ponto fora da curva. “Esse desempenho é pontual, não há como projetar que seja o início de uma tendência. Nem o governo esperava por isso”.

Ainda segundo Balistiero, a recuperação da economia e, consequentemente, a geração de empregos, depende muito da aprovação das reformas trabalhista e previdenciária que o governo deseja implementar. “A recuperação já está sendo lenta, e, sem elas (as reformas), a retomada será ainda mais lenta”. O economista acredita que a geração de postos voltará entre o fim deste ano e o início de 2018.

“O número é tímido e não nos indica nada consistente. Ainda é cedo para pensar em retomada em meio a esse cenário político incerto”, avalia o professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Volney Gouveia.
Na opinião de Gouveia, as reformas apresentadas pelo governo não são o caminho ideal para a volta da criação de empregos. “Deveriam pensar mais em uma maior redução dos juros, além de estimular as empresas na concessão de infraestrutura, e não nessas políticas ortodoxas”, dispara.
 




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