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Na trama de Cabocla, Luís Jerônimo, personagem de Fábio Jr, descobre que está tuberculoso e resolve morar na pacata Vila da Mata, no interior do Espírito Santo. Lá, conhece Zuca, uma caboclinha tímida interpretada por Glória Pires. Decidido a se estabelecer no lugar, Luís Jerônimo passa a enfrentar o peão Tobias, vivido por Roberto Bonfim, na disputa pelo amor de Zuca. “Novela das seis tem de resgatar valores esquecidos. O amor, por exemplo, anda vulgarizado. Hoje em dia, quando o cara diz que ama, pensa logo em sexo”, afirma Benedito.
A novela Cabocla ficou famosa por ter marcado a estréia de Glória Pires como protagonista. Ela foi escalada para o papel graças ao seu ótimo desempenho em Dancin’ Days, de Gilberto Braga. Benedito, porém, ressalva que Glória só ficou com o papel porque a escolhida, Sônia Braga, declinou do convite para fazer um curso de interpretação para teatro nos Estados Unidos. “Por causa do tipo físico da Glorinha, tive de reescrever os primeiros capítulos. Afinal, tinha imaginado a Zuca como um autêntico mulherão. Mesmo assim, ela fez um belíssimo trabalho”, afirma o autor, que voltou a trabalhar com a atriz em O Rei do Gado, em 1996.
Até o momento, Edilene e Edmara Barbosa não pararam para pensar em possíveis nomes para os papéis principais. Mas admitem que vão retomar a idéia original do pai de fazer de Zuca um “autêntico mulherão”. “Algo na linha de Gabriela”, afirma Edmara, referindo-se à personagem-título do livro de Jorge Amado. Já para o lugar de Fábio Jr, Edilene admite que não dá para escalar qualquer ator. O escolhido vai precisar ter uma aparência frágil, própria de um paciente tísico. “Hoje em dia, os atores estão todos saradões”, diz, bem-humorada.
Mas a novela Cabocla não gira apenas em torno do amor impossível de Zuca e Luís Jerônimo. Faz menção também à disputa pela posse de terra entre os coronéis Boanerges e Justino. “Novela que se preza tem sempre de ter algo que valha a pena discutir”, afirma Benedito, que voltou a discutir reforma agrária em O Rei do Gado.
Apesar de felizes com a oportunidade de estrear como autoras de novela, Edilene e Edmara sabem das agruras por que passam os profissionais do gênero. Na época de Esperança, por exemplo, as duas viram o pai trabalhar cerca de 14 horas e fumar até quatro maços por dia. “Às vezes, ele acordava de madrugada para trabalhar”, conta Edmara. Por isso, elas garantem que o trabalho do pai se limitará a supervisionar os capítulos. “Ele não tem mais condições de escrever novelas. Atualmente, meu pai não senta mais ao computador nem para jogar paciência”, diz Edilene.
Do alto de seus 72 anos, Benedito é obrigado a concordar com as filhas. A maior lição que ele poderia deixar, no entanto, acredita que elas já aprenderam. “Elas têm de respeitar a si mesmas em primeiro lugar e não fazer nada de que tenham vergonha de contar aos filhos e netos”, afirma.
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