Boa parte dos gestores deixa de cumprir os compromissos por apostar na memória fraca da população. Por acreditarem que o que é prometido hoje será facilmente esquecido amanhã, não se fazem de rogados em assumir obrigações quando veem holofotes e microfones ligados. Apostam na amnésia coletiva. Não contam, todavia, com a vigilância da imprensa, sempre disposta a apontar prazos descumpridos.

Foi exatamente o que aconteceu com episódio que ganha destaque hoje nas páginas do Diário. Doze meses atrás, a Ecovias, concessionária que administra o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), decidiu anunciar, com pompa e circunstância que são características dos arautos das boas notícias, que iria construir pista marginal com cinco quilômetros de extensão em trecho da estrada que passa por São Bernardo, no bairro Ferrazópolis. A meta era eliminar os congestionamentos que se formam diariamente no trecho compreendido entre a fábrica da Volkswagen até a base operacional da Ecovias, sentido Capital.

Com investimento previsto de R$ 80 milhões, a concessionária se pavoneava de ter obtido as licenças necessárias para dar início à construção da marginal, que previa ter três novas faixas de rolamento. Programava tirar o projeto do papel no começo do ano e conclui-lo em maio de 2018. Um ano depois de fazer a promessa, enchendo de confiança o usuário que paga R$ 25,20 a cada vez que cruza o pedágio da estrada, tudo segue no terreno das boas intenções.

Este Diário, na época, noticiou o projeto da Ecovias com destaque, assim como faz com todos os investimentos que podem contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Grande ABC. Chegado o prazo anunciado para o início das obras, a equipe do jornal resolveu conferir. E viu que o serviço está na estaca zero. Nenhum centímetro de asfalto foi assentado. Os congestionamentos também seguem na mesma, sendo verificados religiosamente todo santo dia. Outra coisa que não muda na Anchieta é o valor do pedágio, que segue o mais alto de todo o Brasil.