Economia Titulo 2.000 trabalhadores
Mercedes-Benz vai fazer cortes a partir de 1º de setembro

Montadora informa que fará redução significativa na
fábrica de S.Bernardo para ajustar o atual excedente

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/08/2015 | 07:20
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Nario Barbosa/DGABC


A Mercedes-Benz vai fazer, a partir de 1º de setembro, cortes “significativos” em seu quadro de pessoal em São Bernardo, nas áreas de produção e administração, para ajustar o atual excedente de mão de obra, que chega a 2.000 pessoas, dos quais 1.750 dentro da fábrica e outros 250 atualmente em lay-off (com contratos suspensos temporariamente). Foi o que a direção da montadora relatou ontem a funcionários, por meio de comunicado interno, ao qual o Diário teve acesso.

Em nota à imprensa, a companhia diz apenas que “está em estudo um ajuste”. Segundo o diretor de Comunicação e Relações Institucionais, Luiz Carlos Moraes, haverá demissões, só não foi definido ainda o número de rescisões. Antes dos cortes, todos os trabalhadores das áreas produtivas (de caminhões, ônibus e agregados) – são cerca de 7.000 – vão entrar em licença remunerada entre os dias 7 e 21 deste mês.

Moraes acrescenta que o motivo para os cortes é a situação do mercado, que não mostra sinais de reação. Ele assinala que os números de vendas de caminhões em julho ficaram praticamente no mesmo nível de junho. Os dados oficiais do mercado automotivo serão divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) na semana que vem, mas no ano até junho, a comercialização foi 42% menor na comparação com a do mesmo período de 2014.

Ainda de acordo com a montadora, diante da forte queda nas vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro, a Mercedes-Benz tem adotado, há mais de um ano, diversas medidas para tentar gerenciar o excedente de pessoal em São Bernardo, como o lay-off, licenças remuneradas, semanas curtas, folgas, férias coletivas e PDVs (Programas de Demissão Voluntária). A companhia, inclusive, tem um PDV aberto desde o dia 14 de julho e que vai até 14 deste mês – o volume de demitidos, inclusive, deve variar conforme as adesões. No mês passado, os 7.000 da linha de produção entraram em folga coletiva do dia 3 ao dia 20, com desconto no banco de horas, e 250 estão em lay-off até 30 de setembro.

PROTEÇÃO - Questionado se a Mercedes-Benz não poderia adotar o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), lançado neste mês pelo governo como alternativa para a preservação de postos de trabalho, Moraes cita que a proposta já foi rejeitada pelos funcionários em votação na fábrica. O PPE prevê, em períodos de crise, a redução de 30% no valor dos salários pagos pelas empresas, em que 15% seriam bancados pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e o empregado passaria a receber 85% de seu rendimento, com a diminuição de 30% na jornada de trabalho.

Com a rejeição ao programa, ficou mais difícil negociar soluções para evitar as demissões, segundo Sérgio Nobre, secretário executivo da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O dirigente afirma que, mesmo que houvesse a redução da jornada e de salários, a montadora alegava que não conseguiria seguir com o custo de 2.000 excedentes – 20% do quadro atual de cerca de 10 mil funcionários. Ele acrescenta que o problema é que a perspectiva é de melhora da economia só em meados do ano que vem. “Mas vamos dialogar até o limite”, diz.

Só neste ano, a Mercedes já demitiu 500 trabalhadores, sendo 200 por meio de PDV e 300 que ficaram quase 30 dias acampados em frente à fábrica em junho.
 




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