Política Titulo Editorial
Cedo demais
Do Diário do Grande ABC
19/11/2017 | 08:53
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Nos oito primeiros meses deste ano, 173 pessoas foram assassinadas nas sete cidades do Grade ABC. Pessoas que se transformaram em estatística de uma realidade cruel, que se torna muito mais dolorosa quando a análise dos casos vai além da frieza dos números. Cada um destes mortos tinha família, planos e desejos que nunca mais poderão ser concretizados.

O choque desta dura realidade se torna ainda mais cruel com a simples verificação dos dados pessoais de cada uma dessas vítimas. Nas informações contidas em boletins de ocorrência, verifica-se que um terço do total sequer chegou aos 30 anos. Ou seja, são indivíduos que partiram cedo demais e que pouco tempo tiveram para conhecer o mínimo do que pode ser chamado de cidadania.

Nos documentos lavrados pela autoridade policial, espécie de último capítulo da existência de quem perdeu a vida de forma violenta, algumas características são comuns: a maioria é homem, de cor parda, que não chegou a se casar, mora na periferia e morreu à noite.

Este conjunto de coincidências não choca grande parte da população. Infelizmente, as pessoas parecem ter desenvolvido sentimento de conformidade com tais crimes. É como se o fato de residir em bairro mais afastado, cor da pele ou a baixa escolaridade tornassem estas vidas menos valiosas.

Não para as famílias. Sempre há uma mãe chorosa, uma noiva (ou mulher) desamparada. Um filho que nunca mais terá a companhia do pai. Existem enredos que foram abreviados pela violência impiedosa.

A despedida de cada uma dessas pessoas opõe a dor do mundo real à insensibilidade das estatísticas oficiais. A informação da Secretaria de Segurança Pública de que houve queda expressiva em tais ocorrências e que o Estado de São Paulo atingiu o patamar mais baixo desde 2001 não tranquiliza e muito menos consola aqueles que perderam seus parentes. 




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