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Marinho, Pinheiro e Reali injetaram na Focal

Juntos, os então candidatos despenderam R$ 769,8 mil nas eleições de 2008 e de 2012

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
11/12/2014 | 07:28
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Montagem/DGABC


Os prefeitos Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, e Paulo Pinheiro (PMDB), de São Caetano, além do ex-chefe do Executivo de Diadema Mário Reali (PT) contrataram a Focal Confecção e Comunicação Visual durante as campanhas eleitorais de 2008 e de 2012. A empresa é apontada como um dos alvos dos recursos financeiros do esquema do Mensalão e tem suposto laranja no quadro societário. Juntos, os candidatos petistas e Pinheiro, nome apoiado extraoficialmente pelo partido, desembolsaram R$ 769,8 mil.

Entre os pleiteantes da região, Marinho lidera o ranking de despesas com a Focal. Na empreitada de reeleição, em 2012, o petista gastou R$ 15,2 mil. Quatro anos antes, em sua primeira disputa ao Paço são-bernardense, ele aplicou R$ 380,7 mil no material, contabilizando R$ 396 mil. Correligionário, Reali custeou R$ 168,6 mil na campanha de 2012, quando saiu derrotado no páreo pela renovação do mandato. O diademense despendeu R$ 115,6 mil em 2008, situação em que era candidato governista.

As notas fiscais de Pinheiro com a gráfica na última eleição municipal foram da ordem de R$ 80,4 mil. Os candidatos do Grande ABC utilizaram os serviços, na oportunidade, para produzir materiais de campanha na empresa, gerida por Carla Regina Cortegoso e Elias Mattos, suposto laranja da Focal. Carla é filha de Carlos Cortegoso, empresário conhecido na cidade pelo elo de proximidade com o PT.

Apenas do petismo de São Bernardo, a gráfica angariou R$ 325 mil em pagamentos. De outros postulantes da legenda pelo País, a empresa amealhou pouco mais de R$ 24 milhões, incluindo da presidente Dilma Rousseff e, inusitadamente, de Gleisi Hoffmann, que concorreu ao governo do Estado do Paraná.

A Focal integra lista fornecida pelo operador do Mensalão, o publicitário mineiro Marcos Valério, condenado pela Justiça a 37 anos de prisão. No relatório, enviado ao Ministério Público e à Polícia Federal, em 2005, ele mencionou que a gráfica, sediada em São Bernardo, no bairro dos Casa, recebeu dinheiro do esquema. A CPI dos Correios, instaurada à época no Congresso Nacional, cruzou dados e registrou que a agência de publicidade de Valério depositou a quantia de R$ 300 mil na conta da empresa.

Os dois atuais prefeitos não se posicionaram sobre o episódio. Reali não retornou os telefonemas da equipe do Diário.

LIGAÇÃO
Marinho também gastou R$ 38,3 mil, no pleito de 2012, por serviços com a Focal Point Comercial de Estamparias em Tecidos Ltda. A empresa tem Erika Cortegoso como sócia e captou a verba por publicidade de material impresso, placas e faixas.

Elias era motorista de Cortegoso em jornal

Sócio na Focal Confecção e Comunicação Visual, Elias Silva de Mattos era motorista do jornal Bom Dia, que roda no Grande ABC, e que tinha Carlos Cortegoso como um dos diretores. Cortegoso responde oficiosamente pela Focal, mas colocou a filha, Carla Regina Cortegoso, como responsável pela empresa na Junta Comercial.

Elias mora nos fundos de um comércio no bairro Ferrazópolis, ruas abaixo do periférico Jardim Limpão, em São Bernardo. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele possuía vencimentos mensais de R$ 3.000.

Na edição de ontem da Folha de S.Paulo, Cortegoso negou que Elias Silva de Mattos fosse laranja e explicou que colocou seu motorista no quadro societário por exigência de contador particular, que não queria Carla Regina como proprietária única da Focal.

Cortegoso, para lançar o Bom Dia, se associou ao empresário J.Hawilla, proprietário do grupo Traffic – controlador de uma agência de marketing esportivo do País.

No Grande ABC, a publicação foi lançada em 2009, mesmo ano em que o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), assumiu o comando da administração.




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