Economia Titulo Mudança de vida
Advogada vira sacoleira
e dobra o faturamento

Na contramão, Luana Guazelli, de 32 anos, abdicou da
carreira para vender roupas nas residências de amigos

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
21/04/2013 | 07:14
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Na contramão da tendência do emprego na região, que é de redução do trabalho autônomo para ingresso no mercado assalariado com carteira assinada, a advogada andreense Luana Guazzelli, 32 anos, que possui o disputado registro na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), abdicou do dia a dia mergulhado em processos para se dedicar à venda de roupas em casa e na residência de amigos - função popularmente conhecida como sacoleira.  "No escritório, atuava em diversas áreas do Direito, menos na que eu mais gosto: família. Não era registrada e ganhava, por mês, R$ 1.600", conta. Infeliz na profissão, a comunicativa Luana, que já complementava a renda vendendo calças, blusas, vestidos e pijamas, entre outros, resolveu entrar de cabeça na atividade. "O rendimento varia, mas em épocas boas de vendas, como nas datas comemorativas do comércio, chego a ganhar o dobro do que recebia como advogada", contabiliza.  A agora sacoleira consegue tal façanha por ter montado uma pequena rede de colaboradores eventuais. "Conto com mais cinco pessoas que revendem os produtos. Dou para elas 20% sobre o valor da venda", explica. Se os empregados fossem fixos, ela seria considerada empregadora, e não autônoma. Luana, no entanto, não abandonou o Direito. Apenas inverteu a ordem das funções que a sustentam. "Em casa também posso atuar como advogada. De vez em quando pego alguns processos, na área da família, para não perder a prática e ganhar um dinheiro extra." BALANÇO  A região possui 105 mil autônomos que trabalham para o público em geral, montante que equivale a 8,5% do total dos ocupados nas sete cidades (1,234 milhão). Há dez anos, o volume era exatamente o mesmo, porém, a participação no total de empregados (1,011 milhão, à época), era maior, e chegava a 10,4%. Considerando todo tipo de trabalhador independente, incluindo os que atuam para empresas (a exemplo das chamadas pessoas jurídicas, que cumprem jornada idêntica à dos contratados com registro em carteira) ou mais de um negócio, o Grande ABC reúne 180 mil deles (14,6% do total). Uma década atrás, eram 192 mil (19%).  Os dados integram a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do Seade/Dieese referente aos autônomos da região. O estudo considera entrevistas domiciliares realizadas em 600 casas nas sete cidades, com mais de 2.500 pessoas.
FUTUROOs autônomos estão pensando mais em seu futuro. Dez anos atrás, apenas 14,6% deles contribuíam com a Previdência Social. Hoje, 22,6% pagam pelo benefício. Considerando os profissionais que trabalham para público em geral, o percentual chega a 22,3%. Há uma década, eram 13,3%.  Neste caso, conforme o gerente de pesquisas do Seade, Alexandre Loloian, certamente houve influência da formalização de atividades por meio do empreendedor individual, figura jurídica criada em 2009 que permite registro de CNPJ, emissão de nota fiscal e uso de máquina de cartão de crédito a partir do pagamento subsidiado de R$ 33,90 para ter direito à aposentadoria e licença-maternidade, por exemplo.  Os autônomos que atuam diretamente para o público ampliaram ligeiramente sua autonomia, utilizando seus próprios instrumentos de trabalho, segundo a pesquisa. Em 2002, eram 95,6% do total e, no ano passado, 96,8%.  Na última década, cresceu o total dos que trabalham na região onde moram, passando de 82,1% para 84%. Levando em conta somente os que atuam para o público em geral, esse índice subiu de 84,3% para 85,7%. "Os dados mostram que é crescente a parcela dos que atuam aqui mesmo. É sinal de ampliação do mercado de trabalho do Grande ABC, de que ele está mais dinâmico", avalia Loloian.




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