Internacional Titulo Violência
Dois civis palestinos morrem nos últimos 2 dias na Cisjordânia
Da AFP
02/01/2011 | 11:49
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Dois civis palestinos morreram nas últimas 48 horas na Cisjordânia ocupada, vítimas da repressão israelense, atos que a Autoridade Palestina denunciou como uma "perigosa escalada" do exército de Israel, que poderia "destruir qualquer esperança de um processo de paz".

Um jovem de cerca de 20 anos morreu na manhã de domingo, vítima de disparos de um soldado israelense, após uma discussão no posto de controle de Hamra, perto de Nablus, destacou um responsável dos serviços de segurança palestinos.

Segundo a fonte, Mohamed Daraghme, que trabalhava em uma colônia israelense, não estava armado. Ele foi atingido por três tiros e morreu na hora.

Uma porta-voz do exército declarou, por sua vez, que o homem "se aproximou do posto de controle com uma garrafa na mão e os soldados provavelmente tiveram medo de ser esfaqueados".

"Uma investigação foi aberta", disse, embora tenha destacado que "soubemos que os soldados deram tiros de advertência e depois dispararam na direção do suspeito, que continuava avançando".

Horas antes, segundo a mesma fonte, um palestino havia sido detido no sul da Cisjordânia, perto do conjunto de colônias de Gush Etzion, após ter tentado atacar dois soldados com uma faca.

Na noite de sexta-feira, uma mulher de 36 anos morreu no hospital de Ramallah, após ter inalado gás lacrimogêneo, durante manifestação contra o muro de separação israelense na Cisjordânia, na cidade de Bilin.

Qualificada de "crime de guerra" pelos dirigentes palestinos, a morte de Jawaher Abu Rahma causou forte polêmica, tendo como eixo novamente o exército israelense.

Segundo testemunhos de manifestantes, médicos e fotojornalistas, a mulher perdeu a consciência após ser engolida por uma nuvem de gás lacrimogêneo, depois que soldados israelenses utilizaram grandes doses deste gás para dispersar o protesto.

Um familiar disse que a mulher tinha alergia, mas nunca havia se sentido mal durante manifestações anteriores.

O exército israelense declarou que "foi aberta uma investigação para determinar a causa exata da morte", acrescentando que havia tentado "em vão contatar a Autoridade Palestina para obter o boletim médico do hospital".

Segundo os militares, os soldados recorreram a "meios de dispersão" para conter as 250 pessoas que atiravam pedras contra eles em Bilin.

As cidades vizinhas de Bilin e Nilin são semanalmente palco de manifestações, que reúnem palestinos, bem como militantes israelenses e estrangeiros, contra o muro de 413 km construído por Israel na Cisjordânia.

O advogado israelense da família Abu Rahma, Michael Sfard, acusou o exército de "ter usado uma quantidade maciça de gás", pondo em risco a vida dos manifestantes.

"Uma vez mais, o exército encobre os atos de seus homens, ao invés de pedir desculpas e investigar seriamente", acrescentou.

Um dos irmãos da vítima, Bassem Abu Rahma, morreu após ter sido ferido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo, durante manifestação no mesmo local, em abril de 2009. Os soldados israelenses foram absolvidos na investigação que se seguiu.

"A escalada israelense destes dois últimos dias tende a destruir qualquer esperança de um processo de paz", disse à AFP o porta-voz da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeina.

Centenas de manifestantes israelenses, inclusive um deputado do partido de esquerda Meretz, protestaram na noite deste sábado em frente à sede do ministério israelense da Defesa, em Tel Aviv, contra a ocupação da Cisjordânia e a morte de Jawaher Abu Rahma.

 




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