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Recall, quase um por dia
Hélio da Fonseca Cardoso
Especial para o Diário
22/12/2010 | 07:17
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Nos últimos meses, a frequência de ‘recalls' excedeu todos os limites anteriores, chegando ao ponto de anunciarem quase que um chamado por dia útil. Esta é a fotografia atual da indústria automobilística brasileira e mundial.

O ano ainda não terminou, porém, nunca, em tempo algum, a quantidade de veículos automotores que deveriam atender aos chamados das montadoras para reparos ou trocas de componentes foi tão grande. Quase 2 milhões de veículos envolvidos em ‘recalls' no Brasil em apenas um ano.

Isso é resultado da disputa acirrada entre as montadoras, que lançam modelos e versões de veículos com rapidez para não perder competitividade.

Um lançamento de um veículo que há bem pouco tempo demorava mais de dez anos entre o esboço inicial numa prancheta de desenho, o projeto, testes de laboratório, de campo e a comercialização, atualmente não pode ultrapassar dois anos sob pena de os concorrentes se anteciparem e lançarem um produto na mesma faixa. O ritmo de fabricação de veículos no Brasil bate recordes sucessivos, nossa frota cresce a cada dia de forma alucinante.

Para garantir essa velocidade, alguns fabricantes compram peças e componentes para montar seus veículos por meio de um sistema de qualidade assegurada, homologada e certificada de seus fornecedores, que por sua vez adquirem desta mesma forma produtos de uma terceira parte e assim sucessivamente.

Se uma pequena falha acontecer nessa cadeia, o resultado provavelmente será um novo recall

Alia-se a isso a falta momentânea de mão de obra especializada no mercado, uma vez que deixamos de formar profissionais durante muito tempo pelas crises de mercado divulgadas. Temos hoje um grande deficit de engenheiros e técnicos mecânicos, elétricos e eletrônicos específicos para a área veicular.

A parte que cabe ao consumidor também não tem os melhores resultados, pois somente 40% dos chamados são atendidos pelos proprietários dos veículos.

Não há dúvidas de que a realização de um ‘recall' demonstra respeito pelo consumidor por parte das montadoras, porém, a segurança de passageiros e da população em geral é colocada em cheque, uma vez que no Brasil somente os itens relacionados à segurança são alvo desses chamados.

Sobre Hélio da Fonseca Cardoso -Engenheiro mecânico; integrante da Comissão Técnica de Segurança Veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva); diretor financeiro da gestão 2010/2011 do Ibape/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo); pós-graduado em Perícias e Avaliações de Engenharia e Gestão de Negócios; especialista em transporte; professor de Inspeção, Perícias e Avaliações de Veículos Automotores dos cursos do Ibape/SP; coautor dos livros Inspeção Predial, da Editora LEUD e Perícias de Engenharia, da Editora PINI, autor de artigos técnicos publicados em revistas especializadas sobre veículos automotores e ‘recall'; autor de trabalhos técnicos apresentados em seminários e congressos internacionais da SAE, AEA e Ibape; colaborador da Norma Básica para Perícias de Engenharia e do Estudo de Vidas Úteis para Máquinas e Equipamentos do Ibape/SP; e perito judicial.




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