Internacional Titulo Programa nuclear
Grupo dos Seis e Irã reiniciam negociações
Da AFP
06/12/2010 | 08:57
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O Grupo dos Seis e o Irã retomaram, nesta segunda-feira, em Genebra (Suiça), o diálogo sobre o tema nuclear, interrompido há 14 meses, em um ambiente tenso depois do anúncio de Teerã de que controla todo o ciclo de produção de combustível nuclear.

A primeira reunião plenária durou três horas, das 10h (locais, 7h de Brasília) às 13h (locais), disse um funcionário do ministério das Relações Exteriores da Suíça, país anfitrião destas negociações previstas para segunda e terça-feira.

Os negociadores, entre os quais a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton, e o iraniano Said Jalili, dedicaram a manhã a "recordar suas respectivas posições", informou à AFP uma fonte próxima dos Seis.

O iraniano Jalili fez uma intervenção muito dura, denunciando os últimos atentados contra dois cientistas nucleares iranianos, um dos quais morreu, informaram fontes da delegação iraniana.

Depois do almoço, as delegações faziam contatos bilaterais antes de celebrar à tarde uma nova sessão plenária.

As negociações reúnem o Grupo dos Seis - os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China) e a Alemanha - a União Europeia, que serve de mediadora, e o Irã.

No domingo, Teerã anunciou ter produzido seu primeiro lote de urânio concentrado (yellowcake) que serve para a produção de urânio enriquecido, aumentando a inquietação dos ocidentais.

"Esperamos respostas sérias dos iranianos" sobre a questão nuclear, explicou uma fonte diplomática próxima dos Seis.

Nos últimos dias, os dirigentes iranianos repetiram que se recusavam a discutir sobre os "direitos legítimos" do Irã na questão nuclear, uma forma de rejeitar de antemão qualquer eventual demanda de suspensão das atividades de enriquecimento de urânio.

"Os outros países não podem se misturar nos assuntos nucleares iranianos", reiterou na segunda-feira o adjunto do negociador iraniano, Ali Bagheri, segundo o portal da televisão iraniana.

"O resultado do encontro dependerá da atitude da outra parte", acrescentou.

O enriquecimento de urânio é o centro de uma tensão que contrapõe há anos o Irã e as potências ocidentais, que suspeitam que Teerã tenta desenvolver uma bomba atômica sob a cobertura de um programa civil.

O Irã sempre desmentiu a existência de um projeto militar. Mas há um ano, o país não para de aumentar suas reservas de urânio enriquecido a 3,5%, que passou de 1.580 quilos em 2009 para 3.183 quilos atualmente.

Depois de uma semana agitada por atentados contra cientistas iranianos e pelas revelações do site WikiLeaks, a chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, chamou Teerã a ter uma atitude "construtiva".

Ela deu um passo inesperado na direção dos iranianos, acenando com a possibilidade de enriquecer o urânio no país "no futuro" quando Teerã tiver dado garantias de suas intenções.

O anúncio foi saudado pelos iranianos e deve facilitar o diálogo em Genebra.

As grandes potências esperam que as novas sanções, adotadas em junho pela ONU, junto com as decretadas pelos Estados Unidos e a União Europeia, obrigarão o Irã a ceder.

No entanto, os especialistas se mantiveram prudentes sobre as possibilidades de sucesso deste encontro, irritados pela falta de resultados de negociações precedentes.

"Acho que as sanções criaram uma situação nova, pois afetam a economia" iraniana, disse à AFP Mark Fitzpatrick, do International Institute for Strategic Studies.

No entanto, considerou pouco provável que saia um acordo durante esta sessão, acrescentando que o melhor que se pode esperar é o começo de um processo de discussões.

 




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