O Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne amanhã e quarta-feira, deverá, conforme a visão amplamente majoritária do mercado financeiro, manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 10,75% ao ano.

Na semana passada, as apostas em alta da Selic já em dezembro cresceram devido aos recentes (e elevados) índices de preços, mas a decisão do BC (Banco Central) e do CMN (Conselho Monetário Nacional) de adotarem medidas para restringir o crédito a pessoas físicas e elevar os depósitos compulsórios derrubou as apostas, sancionando a tese de manutenção da Selic.

"Havia pressão da curva para mudar a Selic já na próxima semana, mas ficou claro que o BC não tem mínima intenção de elevá-la em dezembro", avaliou o economista-chefe do banco Schahin Silvio Campos Neto.

A efetivação de uma rodada de juros em 2011 dependerá do que vai ocorrer na parte fiscal. O BC já deixou claro que sua visão mais otimista sobre o cenário de inflação no horizonte de ação da política monetária se deve à expectativa de um aperto fiscal pelo governo.

O Banco Central tem se apoiado muito na situação conturbada da economia internacional para não mexer na taxa Selic. Da última reunião do colegiado em outubro para cá, o quadro externo piorou, com os problemas fiscais de países na Europa, elevando a volatilidade no mercado financeiro.

Apesar desses fatores, o BC está atento à situação de forte demanda interna evidenciada pelas vendas do varejo, pela dinâmica do setor de serviços e pelo aquecido mercado de trabalho, que mostra cada vez mais carência de mão de obra, o que pode provocar aumento da inflação via elevação de salários.

Esse quadro, combinado com a alta recente dos preços, deve pelo menos levar a uma subida de tom do colegiado na ata dessa reunião, que será divulgada na semana seguinte. Isso deve deixar os ânimos de dentro e fora do governo mais preparados para uma eventual necessidade de alta da Selic no próximo ano.