Automóveis Titulo Emerson Fittipaldi
A força do campeão nos negócios
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
24/11/2010 | 07:25
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As 64 anos, o empresário Emerson Fittipaldi esbanja vitalidade física e mental. Só que agora a energia que empregava nas pistas é canalizada para os negócios. Nome consagrado do automobilismo mundial, o ex-piloto tem agenda recheada de compromissos aqui e no Exterior em várias atividades empresariais - ligadas ou não à indústria automobilística.

Em outubro, por exemplo, Fittipaldi organizou o Salão da Motocicleta em parceria com sócios brasileiros. Menos de 20 dias depois, voltou ao Anhembi durante o Salão do Automóvel para apresentar versão do sedã Chevrolet Omega que leva o seu sobrenome.

Fittipaldi colhe até hoje os benefícios da carreira promissora na F-1 e na Indy. Qualquer participação dele ganha repercussão na mídia, como o passeio que ele fez na Marginal do Pinheiros com a Lotus com a qual foi campeão mundial em 1972.

"Busco aproveitar todas as oportunidades com rigor profissional", disse o bicampeão com exclusividade ao ‘Diário'. "Como nas pistas, a vida está sempre nos impondo desafios."

Seja no Brasil, nos Estados Unidos, Europa ou Ásia, Fittipaldi ainda é um nome muito forte. Sempre é lembrado na F-1 para eventos em vários GPs.

Curiosamente, o campeão tem forte ligação com o Grande ABC. Foi em Santo André que o avô paterno dele se estabeleceu quando veio da Itália. "Meu pai nasceu em Santo André, cidade com a qual tenho forte ligação sentimental. Lembro-me de passagens da infância na cidade. O predomínio das montadoras também fez aumentar o elo afetivo e profissional com a região."

Ao mencionar a indústria automobilística, Emerson considera um erro o fato de o Brasil não ter construído uma marca nacional de automóveis, como faz em aviões com a Embraer.

O ex-piloto disse que nunca deixou de acreditar no potencial da indústria local. Tanto que teve sua própria equipe na F-1, patrocinada pela Copersucar e com parte da tecnologia desenvolvida por profissionais brasileiros.

"Não dá para entender como nós não construímos uma montadora nacional. Nós tínhamos tudo para ter marca brasileira, que pudesse disputar mercados no Exterior, criando oportunidade de empregos para profissionais brasileiros tanto aqui no País quanto fora."

Emerson disse que o atual crescimento do mercado automobilístico cria oportunidades. Por isso, seu nome é tão lembrado em negócios dentro do setor.

Vem daí a a oportunidade de negócios com o Salão da Motocicleta. "Talvez muita gente nem saiba, mas minhas primeiras provas em Interlagos foram correndo de moto. Participei de competições dos 14 aos 16 anos. Só depois é que fui para os carros."

Concorrendo com o Salão Duas Rodas, do qual todas as montadoras participam, o evento organizado por Emerson Fittipaldi ainda não conquistou a simpatia dos fabricantes. "Mas eles vão vir porque o público vem comparecendo", disse. "Mesmo que os representantes da indústria ainda não estejam presentes, os principais produtos estão expostos, já que os concessionários aproveitam a feira para fazer negócios", disse. "Isso é que é importante, pois movimentamos público e negócios."

Segundo Fittipaldi, o evento atraiu mais de 50 expositores - 15 deles chineses - e o público foi superior a 100 mil visitantes em cinco dias do evento no Anhembi. "Geramos R$ 50 milhões em negócios em toda a cadeia das duas rodas", disse.

Além dos negócios, Fittipaldi disse que a grande emoção que sentiu neste ano também veio das pistas. Seu neto de 14 anos, Pietro Fittipaldi, estreou na Nascar, nos Estados Unidos. "Fiquei muito mais nervoso do que quando me sentei pela primeira vez num carro para competir", afirmou.

Emerson disse que passou ao neto um conselho da avó. "Quando sentia medo, em momentos difíceis de uma corrida, ou num acidente, eu sempre rezava. Aprendi isto com minha avó e passei para o meu neto", disse.

O ex-piloto diz que Pietro, criado nos Estados Unidos, vai herdar da cultura norte-americana valores de competitividade diferentes dos que ele aprendeu na cultura latina. "Os norte-americanos não têm aquela inveja ou desejo de aniquilação do adversário. Lá, há um respeito pelo outro."

Fittipaldi disse acreditar que o Brasil ainda continuará formando bons pilotos em diversas categorias do automobilismo, inclusive na de Fórmula 1.




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