Os palestinos não aceitarão retomar as negociações com Israel sem uma moratória da colonização em Jerusalém Oriental, afirmou neste domingo no Cairo o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, após uma reunião com o presidente egípcio Hosni Mubarak.

"Se não incluir Jerusalém, ou seja, se não acontecer o fim total da colonização em todos os territórios palestinos, incluindo Jerusalém, não aceitaremos", afirmou Abbas.

"Se Israel quer voltar à colonização, não podemos continuar. O fim da colonização deve incluir todos os territórios palestinos e, em primeiro lugar, na cidade de Jerusalém", completou.

As negociações diretas israelense-palestinas, retomadas em 2 de setembro, foram interrompidas três semanas mais tarde, ao fim da moratória de 10 meses da colonização judaica na Cisjordânia.

Antes de reiniciar as conversações, os palestinos exigem um novo congelamento da colonização, incluindo no setor oriental com maioria árabe de Jerusalém, anexado em 1967 pelo Estado hebreu.

Durante um encontro em 11 de novembro em Nova York, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, propôs ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu um pacote de medidas de apoio político e militar americano em troca de uma nova moratória de 90 dias sobre a colonização na Cisjordânia ocupada.

Mas o gabinete de Netanyahu informou que a possível nova moratória não deveria incluir Jerusalém Oriental.

Neste domingo, milhares de colonos judeus, em sua maioria adolescentes, protestaram diante do gabinete do chefe de Governo contra um eventual novo congelamento de três meses das construções na Cisjordânia.

Paralelamente, os conselhos regionais e municipais da Judeia-Samaria (Cisjordânia) decretaram uma greve geral para pressionar Netanyahu.

Abbas afirmou que ainda aguarda uma resposta oficial dos Estados Unidos sobre os esforços para obter a moratória.

Durante a semana, o representante americano David Hale notificou ao presidente Abbas, pela primeira vez oficialmente, sobre uma série de propostas de Washington para retomar o processo de paz, incluindo a entrega a Israel de 20 aviões de combate.

Abbas reiterou neste domingo que os palestinos não têm qualquer relação com a oferta a Israel.

"Não aceitamos uma vinculação de tais acordos ao reinício das negociações. Se a questão é dar armas a tal parte, não aceitamos".