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Mulheres já têm mais dívidas que os homens

Percentual de consumidoras com dívidas ou nome sujo em
S.Paulo é de 52%, enquanto o universo masculino soma 48%

Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
13/10/2010 | 07:32
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Pela primeira vez, as mulheres estão mais endividadas do que os homens no Estado de São Paulo. Pesquisa realizada desde 1995 pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal em parceria com a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) aponta que atualmente 52% das mulheres têm débitos ou estão com nome sujo, enquanto o índice masculino fica em 48%.

O novo levantamento semestral da ACSP mostra que, durante o mês de setembro, a maior incidência de inadimplência está nas classes D e E, que ganham de um a três salários-mínimos, com 55% dos entrevistados, sendo que a faixa de 20 a 40 anos tem 70% dos inadimplentes e 69% dos entrevistados têm dois ou mais carnês em atraso.

Para o economista da associação, Emílio Alfieri, o índice mostra que hoje a mulher tem maior inserção no mercado e, consequentemente, poder de compra, sem que haja a necessidade de auxílio do cônjuge para efetivar pagamentos.

"Historicamente, as mulheres sempre foram responsáveis pelas compras, mas antigamente, elas ficavam mais no lar e usavam o documento do marido. Agora, elas saíram para o mercado de trabalho e a tendência é ter mais mulheres do que homens no mercado", avalia.

Apesar de o público feminino tomar a dianteira, o economista não acredita que as mulheres possam evoluir ainda mais no índice. "A primeira pesquisa foi feita em 1997 e, nessa, os homens foram majoritariamente superiores na inadimplência, com 72%, contra índice de 28% entre as consumidoras. Já em 2002 o panorama mudou, com 57% de atraso no pagamento no caso do público masculino e 43%, no do feminino. Em 2007 teve alteração moderada, com 52% masculino e 48% feminino. Foi só agora que os números se inverteram e deve seguir assim, estável", aponta o economista.

CLASSE C
De acordo com a entidade, a entrada da classe C no consumo é uma das responsáveis pela mudança no panorama. Com 55% do poder de compra, esses novos consumidores ainda têm dificuldade para honrar compromissos assumidos a longo prazo.

Alencar Burti, presidente da ACSP, diz que tem insistido que a facilidade de tomar crédito deve ser acompanhada pela melhor administração do orçamento familiar. "Por isso as classes menos favorecidas têm um percentual maior entre os inadimplentes".

Burti observa que essa pesquisa revela a velocidade com que as transformações econômicas e sociais vêm ocorrendo. "Isso explica o maior endividamento das mulheres. Cada dia mais elas vêm ocupando mais espaços na sociedade e dobrando suas responsabilidades ao terem que administrar, simultaneamente, o lar e o orçamento doméstico, além de responderem pelos problemas inerentes à tomada de crédito", resume.


Consumo impulsivo é principal vilão
A compra de roupas, sapatos e eletrodoméstico é o que mais contribui para as mulheres ficarem com o orçamento no vermelho. Os itens referem-se a quase 50% dos motivos alegados pelos entrevistados na pesquisa como causa de problemas financeiros.

A maior dificuldade nesses casos é o impulso da compra sem necessidade, que move a maioria das mulheres no País.

Na região, a administradora Suelen Pinho, 26 anos, é uma das vítimas do consumo massivo. Ela afirma que faltou muito pouco para compor a lista de inadimplentes do cartão de crédito.

"Precisei de patrocínio para bancar o limite do cartão que estourou", conta, explicando que o pai foi o responsável pelo reparcelamento da dívida.

Mesmo com o susto da possível inadimplência, a administradora não diminuiu o consumo. "Compro de tudo, roupas, sapatos, cosméticos, não passo vontade", diz.

Ela afirma ainda que compra por impulso. "Tenho coisas que nem cheguei a tirar a etiqueta", conclui.

 




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