Política Titulo Segundo turno
Dilma revela tática de criticar privatização
08/10/2010 | 08:38
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A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse ontem que a defesa feita por seu adversário, José Serra (PSDB), das privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso, é uma "tentativa de se vacinar" contra a estratégia petista de comparar as gestões Lula e FHC. Em sua primeira visita a Minas no segundo turno, Dilma manifestou-se de forma enfática sobre o aborto, ao afirmar que pessoalmente é contra, mas na Presidência da República vai tratar o assunto como uma questão de Saúde Pública.

Durante passagem tumultuada pelo Mercado Central da capital mineira, a petista aproveitou para reagir no mesmo tom às declarações de Serra em encontro com aliados em Brasília, na quarta-feira. "Eles poderiam refazer as privatizações, mas não refizeram", disse Serra.

Dilma, indicou que a tática é colar no tucano a pecha de privatista, como foi feito com Geraldo Alckmin no segundo turno da eleição presidencial de 2006. "Acho que (a defesa de Serra das privatizações) é uma tentativa de se vacinar contra o fato de que quando a gente começar a comparar o governo FHC com o do presidente Lula, vai ficar claro que enquanto eles vendiam ações da Petrobras e arrecadavam US$ 5 bilhões - nós aumentamos as ações e obtivemos US$ 70 bilhões", disse, se referindo ao processo de capitalização da estatal.

Aborto - A campanha petista escolheu a pequena capela Nossa Senhora de Fátima, no estacionamento do mercado de Belo Horizonte, para que Dilma falasse à imprensa sobre sua posição contra o aborto. Ela foi recepcionada por jovens de congregações católicas e por representantes de igrejas evangélicas, entre eles o deputado federal reeleito Mário de Oliveira (PSC), presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular, considerada uma das cinco maiores neopentecostais do País.

Ao falar da polêmica, Dilma deu ênfase à sua posição pessoal.

"A minha posição pessoal é contra o aborto. Mas, como presidente da República não posso deixar de encarar. Não posso tratar essa questão como uma questão pessoal, só", destacou, alegando que tem sido vítima de campanha clandestina, que "faz parte do submundo da política".

Auge das privatizações ocorreu no governo FHC
A privatização representou, no Brasil, uma inflexão da tendência de forte participação do Estado na economia, cimentada nas décadas de 1940 e 1950 com a criação da CSN, da Vale do Rio Doce, da Chesf e da Petrobras, entre outras empresas. Desde 1981, quando foi estabelecida no governo de João Figueiredo uma comissão especial de privatização, a ideia de reduzir a participação do Estado na atividade produtiva faz parte do cardápio do governo federal no Brasil.

Mesmo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que se define como antiprivatista, houve desestatizações como as dos bancos estaduais do Maranhão e do Ceará, além da concessão à gestão privada de 2.600 quilômetros de rodovias federais - considerada por alguns como uma forma de privatização.

O auge, porém, ocorreu no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando foi passado para as mãos privadas o controle de empresas do porte do Banespa, da Vale e do sistema Telebrás. Entretanto, mesmo no governo de Itamar Franco, que era pouco simpático à privatização, houve vendas importantes e simbólicas, como as da CSN, pioneira da industrialização do Brasil, e da Embraer.




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