Com os estoques de aço no Brasil subindo após forte aumento nas importações, as siderúrgicas nacionais estão reduzindo os preços no mercado local em até 20% para as entregas no segundo semestre, informaram integrantes do setor. "Os preços do aço plano já caíram entre 10% e 20% nas duas últimas semanas, dependendo da linha do produto, para combater as importações", disse Christiano da Cunha Freire, presidente da Frefer Metal Plus, uma das maiores distribuidoras de aço do Brasil.

Embora a demanda por importações esteja caindo agora, após as empresas locais reduzirem seus preços, Freire acredita que a situação dos estoques só deve se normalizar em novembro. O Inda ( Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço) informou que os estoques de aço subiram em julho para o equivalente a cerca de quatro meses de consumo, a 1,255 milhão de toneladas, recorde histórico. O nível médio dos estoques equivale a 2,6 meses de consumo.

O Barclays Capital prevê que o preço no segundo semestre cairá entre 5% e 10%, enquanto a Steelcom do Brasil, trader com sede em São Paulo, previu redução de 12%.

No primeiro semestre, as siderúrgicas brasileiras, distribuidoras e consumidores aumentaram as importações de aço, inclusive da China, com o real valorizado e as vendas locais se recuperando depois da crise econômica. As importações aumentaram ainda mais após as siderúrgicas elevarem os preços, fazendo com que a compra no Exterior ficasse mais barata do que o aço do País.

Agora, a demanda está diminuindo e a perspectiva para o curto prazo é frágil, com os estoques devendo permanecer altos. O presidente do conselho diretor do IABr (Instituto Aço Brasil), André Gerdau Johannpeter, disse que o consumo de aço pode subir 34,5% neste ano, para recorde de 24,98 milhões de toneladas. As importações vão responder por parte disso, já que podem ter elevação de 78%, chegando ao recorde de 4,15 milhões de toneladas.