Os tucanos do Grande ABC acreditam na possibilidade de o PT estar por trás da quebra do sigilo fiscal do vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge. Para embasar seu posicionamento, o tucanato regional remete a lembranças de um período recente de escândalos protagonizados pelos rivais.

"Não podemos acusar ninguém antes que os devidos esclarecimentos venham à tona. No entanto, o PT não é réu primário", especula o vereador Paulinho Serra, líder da bancada do PSDB na Câmara de Santo André. "Apesar de tomarmos as devidas precauções (em julgar envolvimento petista), casos protagonizados pelo PT no passado levam a crer que há interesse político na quebra do sigilo do Eduardo Jorge. Há quatro anos assistimos ao episódio dos aloprados", lembra.

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) segue a linha do correligionário. "Eles (petistas) teriam coragem de produzir dossiê (com as informações coletadas com a quebra do sigilo). É impossível dizer que este fato não tenha conotação política."

Colega de Paulinho no Legislativo andreense, o vereador Tiago Nogueira (PT) diz que as sugestões tucanas não passam de manobra para brecar a ascensão da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. "É fato plantado pelo PSDB. Mais um factoide após o candidato a vice do (José) Serra dizer que temos ligações com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)", argumenta, ao citar Indio da Costa.

O presidente do partido em Santo André, Luiz Turco, garante que a analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues não compõe os quadros petistas da região. "Posso assegurar que ela não é filiada e que nenhum dos correligionários consultados ouviu falar desta senhora." "A hora que investigarmos a fundo descobriremos que ela tem ligação é com o próprio PSDB", contra-ataca Nogueira.

Para Turco a tentativa de ligar o PT à quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge é "nova baixaria" dos tucanos no período pré-eleitoral. "Pelo o que percebo farão isso até o fim das eleições. Estão desesperados com o crescimento da Dilma e começam a apelar."

O coordenador do PSDB no Grande ABC, Cezar de Carvalho, acompanha o caso de perto a pedido de tucanos de Brasília. "Estamos levantando informações para saber as ligações políticas da analista." O dirigente observa que a quebra de sigilo ilegal pode ter sido motivada pela "inferioridade da candidata do presidente Lula". "Espero que não sejam outros aloprados."