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Achados em Lost

Canal norte-americano ABC exibe neste
domingo o último episódio da série Lost

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
23/05/2010 | 07:24
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"Se vocês não chorarem, nós teremos falhado de forma lamentável", resume o roteirista Damon Lindelof, sobre o final preparado para hoje. Certo é que Lindelof e o outro roteirista-chefe, Carlton Cuse, têm total noção de que o desfecho que escolheram não deve agradar a todos. Muitos detalhes permanecerão sem resposta, avisaram os produtores, que gravaram três finais diferentes.Por maior o número de narizes torcidos que possa arrebanhar, o papel histórico da série não deverá se modificar. Criada por J.J. Abrams, (o ‘pai' de títulos tão distintos como Felicity e Alias e a quem foi confiada, no ano passado, a nova versão cinematográfica de Star Trek), a trama é calcada em elementos filosóficos, científicos e misteriosos. Pura chatice?

A maioria dos fãs está longe de achar isso. "Lost é um metamistério: tudo é questionável, qualquer coisa pode ser um sonho ou pode significar outra coisa, nada é definido em nenhum momento, mesmo as histórias mais factuais", afirma Gustavo Gitti, 27 anos, de Mauá, editor do site PapodeHomem.

Abrams impôs inovações narrativas ao programa: além da história apresentada na ilha, os personagens foram esmiuçados em flashbacks superbem construídos. À turma de entusiastas dos suspenses juntaram-se também os que apreciam um bom drama.

Os 121 episódios das seis temporadas de Lost representaram também um marco gigantesco para uma mudança de comportamento: do aparelho de TV, fãs comuns migraram para o computador em nome da curiosidade - mesmo os canais pagos podiam demorar mais de um ano até trazer as novidades. Passaram a surgir blogs, comunidades e todo tipo de suporte para se fazer os downloads dos episódios. Logo, fãs brasileiros afiados no inglês ofereceram seus préstimos a outros loucos pela série e faziam legendas para os diálogos. Os intervalos entre as operações ficaram cada vez mais curtos e a própria ABC passou a disponibilizar os vídeos no site.

"O principal ganho é que assistir TV se torna um ato muito mais socializável. Podemos ver na hora que queremos, só os trechos recomendados pelos amigos, podemos comentar, repassar e até mesmo reeditar trechos", destaca o professor Sergio Bicudo, que leciona a disciplina Hipermídia no curso de graduação de Comunicação e Multimeios da PUC-SP.

Paralelamente à parte técnica da coisa, outros fãs concentraram-se em discutir e quebrar a cabeça para elucidar cada mistério apresentado na trama. Novamente, os blogs tornaram-se importantes pontos de apoio. LostPedia e outros sites ficaram cada vez mais importantes.

No Brasil, um dos mais vistos recebeu o nome de Dude, We Are Lost (dude, ou cara, é uma das marcas registradas do gorducho e adorável Hurley, interpretado por Jorge Garcia). A gaúcha Juliana Ramazini e a paulista Fernanda Reple, que começaram a operação, ficaram amigas pelo Orkut e abriram o blog por sugestão de Angela Aguilar, que hoje colabora no site. Logo, o carioca Davi Garcia se juntou ao time.

Além de milhares de seguidores, o blog rendeu ainda mais para Juliana e Davi. "Foi quando nos conhecemos, começamos a namorar e hoje estamos casados", ela, mestre em História que hoje se dedica ao cargo de analista de mídias sociais numa agência especializada. Os leitores se espalham, além do Brasil, por Portugal - "já chegou a representar 10% da nossa audiência", frisa Juliana. Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão e Austrália também têm sua bandeira no Dude, que deve continuar repercutindo o fim até que o interesse pela série acabe - se é que isso aconteça.

O penúltimo episódio, veiculado na terça nos Estados Unidos (e veiculado na AXN hoje, às 21h, após maratona iniciada às 18h), desanimou alguns seguidores.

Não é o caso do blogueiro são-bernardense Rafael Pelvini, 22 anos. "Acho que a sensação final vai ser de redenção - a de quem assiste, porque todos os personagens acabam passando por esse processo de redenção", diz ele, que não se importa em permanecer sem as tais respostas. "Não me iludo esperando que eles expliquem cada detalhe - a graça está nas teorias, nos questionamentos -, acho que deixar algumas perguntas no ar faz com que a série sobreviva ao futuro", afirma.

Michael Emerson, que fez de seu vilão Ben Linus um dos mais complexos já vistos não tranquiliza os ansiosos. " Teremos pontas soltas o suficiente para que os fãs e as pessoas que trabalharam na série passemos o resto de nossas vidas tentando adivinhar". Continuação à vista? Talvez nem o tempo consiga dizer. s
Colaborou Demetrio Damiani

Veja abaixo os principais momentos

1ª TEMPORADA
O voo Oceanic 815, que ia de Sidney a Los Angeles, explode e cai em ilha não-identificada. O médico Jack Shephard (Matthew Fox) assume a liderança dos sobreviventes. John Locke (Terry O'Quinn), cadeirante que volta a andar depois do acidente, o golpista Sawyer (Josh Holloway), e a fugitiva Kate Austen (Evangeline Lilly), entre outros personagens, têm de sobreviver aos ataques de comunidade hostil que já habitava o local.

2ª TEMPORADA
Após explodir uma escotilha, os protagonistas descobrem lá dentro um novo personagem: Desmond Hume (Henry Ian Cusick), designado a uma única atividade: digitar em um monitor a sequência númerica 04 08 15 16 23 42. Novos sobreviventes, que ocupavam a parte traseira do avião, aparecem. A policial Ana Lucía (Michelle Rodriguez) e o traficante Mr. Eko (Adewale Akinnuoye-Agbaje) os comandam. Ben se infiltra entre os ocupantes do avião. Kate, Jack e Sawyer são feitos reféns pelos Outros.

3ª TEMPORADA
Juliet (Elizabeth Mitchell), uma médica contratada por Ben para ajudar as mulheres da ilha a engravidar, se alia aos sobreviventes aos poucos. Desmond passa a ter visões do futuro. Locke, cada vez mais certo de que "está ali por uma razão", é apresentado a vários mistérios da ilha, incluindo a função de Jacob. Quatro personagens misteriosos surgem na ilha dizendo ter um plano de resgate.

4ª TEMPORADA
Nessa fase da história começam a aparecer flash-forwards. Nesses episódios, ficamos sabendo como vivem alguns personagens após serem resgatados da ilha. Desmond passa a viajar no tempo e sente terríveis efeitos colaterais. Charles Widmore (Alan Dale), que tem uma estranha ligação com a ilha, envia um cargueiro para o possível resgate dos sobreviventes. Locke entra na cabana de Jacob. O cargueiro explode. Ben move a ilha de lugar e consegue sair, assim como Locke. Outros seis sobreviventes são resgatados.

5ª TEMPORADA
Jack, Hurley, Sun (Yunjin Kim), Sayid (Naveen Andrews) e Kate, que a essa altura cuida de Aaron, filho de Claire (Emilie de Ravin), resolvem voltar à ilha. Embarcam em um novo voo que cai no mesmo local. Sawyer, Juliet, Jin (Daniel Kim) e outros personagens que ficaram na ilha viajam no tempo e ficam presos nos anos 1970, primórdios da iniciativa Dharma. Jack decide explodir uma bomba de hidrogênio para colocar a ilha no tempo correto.

6ª TEMPORADA
Os últimos episódios desenrolam paralelamente duas tramas possíveis. Enquanto na ilha a história continua rolando do ponto em que parou depois da explosão da bomba de hidrogênio, outra narrativa conta como seriam as vidas de todos se o avião nunca tivesse caído. As figuras de Jacob e de seu irmão, conhecido como homem de preto, começam a ser esclarecidos. Um novo guardião da ilha precisa ser escolhido. Jack, Sawyer, Sayind e Kate estão entre os candidatos.




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