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MP e polícia investigam 'voto fantasma'

Em sessão do dia 19 de agosto, apareceu um misterioso 'sim'
a mais no painel eletrônico da Câmara de São Bernardo

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
22/05/2010 | 08:50
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O caso do voto fantasma foi enterrado pela Câmara de São Bernardo, mas pode não passar impune. O MP (Ministério Público) e a polícia investigam o voto que apareceu misteriosamente no painel eletrônico do Legislativo na sessão do dia 19 de agosto.

Tanto a promotoria da cidade quanto a delegacia seccional tratam o assunto com cautela e não divulgam detalhes dos procedimentos da apuração. O MP já iniciou inclusive a coleta de depoimentos dos atores que participaram da polêmica plenária há oito meses. Já a polícia aguarda imagens fotográficas registradas na sessão para começar as oitivas de testemunhas.

O suspeito de ter cometido a irregularidade é o vereador Marcelo Lima (PPS), que já depôs na promotoria. Mas na investigação o popular-socialista não é tratado como acusado. Ele se diz tranquilo, da mesma forma que esteve durante os desdobramentos do voto fantasma na Câmara.

"Não cometi nenhuma ilegalidade. Já dei meu depoimento ao Ministério Público. É preciso ter cuidado com o que se fala sobre esse caso, porque não existe qualquer notificação ou acusação sobre mim", discorre Marcelo, sem se aprofundar no assunto.

O parlamentar aparece em fotos inclinando o corpo em direção à gaveta dos botões de votação do companheiro de bancada Estevão Camolesi (PTdoB) que estava ausente da sessão do dia 19 de agosto. Essas imagens, aguardadas pela polícia, são os principais indícios da suspeita que paira sobre o vereador.

A votação era de simples adiamento de um projeto de pouca expressão. Mas o Legislativo vivenciava ambiente tenso entre as bancadas de sustentação do prefeito Luiz Marinho (PT), da qual o popular-socialista faz parte, e da oposição. Ambas apresentavam à época dez parlamentares de cada lado e as discussões eram ásperas.

Segundo a ata, às 10h48 foi feita verificação de presença para a 26ª plenária ordinária de 2009. A base contrária ao governo havia se retirado do plenário. Estevão Camolesi (PTdoB), da situação, também estava ausente. Às 10h52, ou quatro minutos depois, foi finalizada votação de adiamento, por uma sessão, da matéria.

Foram contabilizados dez votos ‘sim', a favor da prorrogação da proposta. Entretanto, haviam apenas nove parlamentares na sessão, além do presidente Otávio Manente (PPS), que não votou naquele caso. Uma das adesões foi computada para Camolesi. O único vereador que senta ao lado do trabalhista é Marcelo Lima, que às 10h51 (o relógio ao fundo mostra o horário) aparece na fotografia com o corpo inclinado com a mão na gaveta do companheiro.

Base aliada engavetou pedidos de apurações do caso

Mais do que a simples polêmica, a situação acirrou ainda mais a relação entre governistas e oposicionistas na Casa. Mas os vereadores contrários à gestão petista preferiram não apontar formalmente Marcelo Lima como culpado.

Apenas pediram para a presidência da Câmara investigar o caso. A solicitação foi para votação do plenário, mas foi rejeitada pelos 11 parlamentares - dez vereadores mais o presidente Otávio Manente - da sustentação.

Pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi protocolado semanas depois do episódio pelo munícipe Ivan Fontes Amaral , que denunciou formalmente Marcelo Lima pelo ato ilegal. Mas também não prosperou, sendo enterrado pela base aliada.




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