Nacional Titulo Caso Isabella
Promotor e advogado viram celebridades
William Novaes
Do Diário do Grande ABC
13/04/2010 | 07:51
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O cenário e o clima do encontro do promotor público Francisco Cembranelli e o advogado Roberto Podval, na manhã de ontem, foi bem diferente que o da última vez em que se viram na sala do Júri do Tribunal de Santana, na Zona Norte da Capital, no julgamento do caso Isabella. Na ocasião, Alexandre Nardoni foi condenado há 31 anos, um mês e dez dias de prisão e a mulher dele, Anna Carolina Jatobá, pegou 26 anos e oito meses de cadeia pela morte de Isabella.

Cembranelli e Podval foram aplaudidos e recepcionados como estrelas, por plateia de cerca de 1.000 pessoas, entre alunos e convidados do campus da FMU (Faculdade Metropolitana Unificada), na Liberdade, em São Paulo.

Os profissionais, ex-alunos da instituição, receberam os títulos de Promotor do Ano e Advogado do Ano. Cembranelli concluiu o curso de Direito em 1984, mesmo ano que Podval iniciou a sua vida acadêmica. Podval terminou a faculdade em 1989.

Sem trocar palavras ásperas - como ocorreu no julgamento, entre os dias 22 e 27 - eles se mostraram emocionados pelo comportamento do público que lotou o auditório e andar térreo, que teve direito a transmissão simultânea por um telão. Veja abaixo entrevistas dadas pelos dois:

‘Essa fama vem de uma tragédia e eu viveria sem ela'

DIÁRIO - O senhor esperava todo esse reconhecimento do público?
FRANCISCO CEMBRANELLI - Não esperava algo tão grande, achei que fosse uma solenidade simples. Eu não sou nada, não sou celebridade, as pessoas reconhecem o que fiz.

DIÁRIO - Como ficou sua vida após o julgamento?
CEMBRANELLI - A vida continua. Já tenho outros julgamentos agendados. Na quarta-feira (amanhã) eu tenho o primeiro depois daquela sessão (caso Isabella). Procurei tirar alguns dias para descanso. Agora tenho outros casos importantes. Vou me dedicar os próximos dez, 15 anos ao Tribunal do Júri.

DIÁRIO - As pessoas te abordam na rua?
CEMBRANELLI - Em Nova York, onde passei uns dias, muitos brasileiros me pararam nas ruas. Muitos que vivem lá viram o caso pela televisão. Isso faz parte, eu não me considero celebridade. Essa fama vem de uma grande tragédia e eu viveria tranquilamente sem ela.

DIÁRIO - O senhor teve contato com a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira?
CEMBRANELLI - Quando saiu a sentença nos falamos por telefone e depois eu estive com ela, por ocasião da missa de dois anos da morte da menina, na Zona Norte (da Capital). Pude dar um abraço e levar solidariedade à família naquele momento particularmente difícil.

DIÁRIO - O advogado de defesa anunciou que vai entrar com um recurso no Supremo contra a decisão?
CEMBRANELLI - A defesa tem como lema: a esperança é a última que morre. Desde o início ela (defesa) vem acreditando nos recursos interpostos, nos harbeas corpus impetrados e vem recolhendo insucessos, atrás de insucessos.

‘Nunca imaginei que seria reconhecido na rua'

DIÁRIO - Se o senhor achava que era um júri perdido, como afirmou logo após o julgamento, porque entrar?
ROBERTO PODVAL - A sociedade já tinha condenado o casal, sabidamente entramos no júri perdido. Não é uma boa entrar numa situação assim. A pessoa (o réu) não acha um advogado porque o profissional não quer trabalhar em um caso perdido. Há uma função social, o caso era duro, complicado, mas ao mesmo tempo, uma caridade.

DIÁRIO - Qual é a sua expectativa em relação ao pedido para novo para novo julgamento?
PODVAL - O Supremo Tribunal deve analisar essa questão. Vai ter que se manifestar, a questão é absolutamente técnica. Para analisar se vai ter um novo julgamento (vai levar) um ano e meio a dois anos.

DIÁRIO - O senhor tirou alguns dias de férias após o julgamento?
PODVAL - Não. Duas semanas antes usei para me preparar para o júri, uma outra semana no julgamento. Quando voltei, tinha todo o escritório andando. Não pude tirar nada.

DIÁRIO - A reação positiva aqui na FMU te surpreendeu? O senhor que estava sendo sempre vaiado?
PODVAL - É outro público. Primeiro que eu estou em casa e depois que são estudantes de Direito, sabia que seria bem recebido.

DIÁRIO - O senhor está sendo reconhecido nas ruas?
PODVAL - É engraçado, nunca imaginei, como advogado, que seria reconhecido na rua. Não me xingam mais.

DIÁRIO - O senhor teve contato com o casal?
PODVAL - Não. Apenas com os familiares por telefone. Não conseguia dormir nas duas primeiras noites, só, no domingo à tarde quando os familiares me ligaram.




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