Economia Titulo Preço
Peixes ficam até 50% mais caros

Com a demanda maior, peixeiros do Grande ABC já subiram
os custos e afirmam que os valores devem subir ainda mais

Cibele Gandolpho
Paula Cabrera
02/04/2010 | 07:57
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Quem deixou para comprar os peixes do feriado de Páscoa nesta sexta-feira pode pagar até 50% a mais pelo produto do que quem já garantiu os itens tradicionais da Semana Santa. Com a demanda maior, peixeiros do Grande ABC já subiram os custos e afirmam que, com o aumento de quase 80% na procura entre hoje e amanhã, os valores devem subir ainda mais. O bacalhau também apresentou elevação no preço e está, em média, R$ 7 mais caro, apesar dos varejistas terem dito que o item não teria aumento.

"Comercializo peixe fresco. Vou todos os dias para o Ceasa para pegar nova carga. Já achei os peixes mais caros hoje (ontem). E, se ainda encontrar os produtos hoje, serão mais caros", diz o peixeiro José Carlos Martins.

Para aproveitar a procura, Martins diz diminuir a margem de lucros. "Temos de conhecer o consumidor. Se quiser lucrar demais, o pescado vai acabar encalhado e esse material estraga muito fácil. É melhor colocar preços competitivos e vender mais", pontua.

Hoje - dia em que o movimento deverá ser maior por conta das compras de última hora - o peixeiro promete chegar cedo ao Ceasa para não sair de mãos abanando. "Já aconteceu de ficar sem vender peixes na sexta-feira da Semana Santa porque o estoque do Ceasa acaba rápido. Chegarei lá cerca de três horas antes de começar a venda", conta.

A competitividade com grandes redes supermercadistas também não assusta o comerciante. "Cada um tem clientes diferentes.Aqui, por exemplo, o peixe é fresco. Limpamos na hora, o preço é bom e não precisa enfrentar fila", brinca Martins.

As redes varejistas Walmart, Pão de Açúcar, Coop e Carrefour esperam aumentar em até 20% nas vendas de peixes. Com a proximidade do feriado, as filas nas lojas já confirmaram o crescimento na procura. "Fiquei quase uma hora na fila para comprar o peixe, mas, pelo preço, valeu a pena", conta a dona de casa Marina Ivone de Souza.

SUPERVALORIZAÇÃO
Segundo Fábio Benedetto, engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), ontem o sacolão registrou filas na peixaria em vários horários do dia. "Quem pensa que os comerciantes gostam dessa época estão enganados porque a demanda é muito grande e os peixeiros mal conseguem dar conta dos clientes costumeiros, habituais, que estão lá todas as semanas. No fim, acaba faltando produto", comenta.

Benedetto acredita que hoje, os peixes estarão mais caros. "Como a venda é acima do normal, o comerciante que ainda possui produtos acaba supervalorizando os preços, cobrando o quanto quiser e fazendo com que a carne branca pese mais no bolso do consumidores." Hoje, o sacolão da Craisa funcionará até o meio-dia, incluindo o setor de peixaria.

ÚLTIMA HORA
Sem tempo de pesquisar preços, o operador de máquinas Cícero Alfredo comprou os pescados no primeiro lugar que encontrou. "Achei os custos um pouco altos, mas não podemos ficar sem peixe na Páscoa", afirma. Ele optou por levar para casa a pescada branca e comprou as últimas peças do estoque do peixeiro.

Mesmo com o tempo escasso, Alfredo diz que garantiu com antecedência o bacalhau na mesa. "Comprei no começo do mês e ainda peguei um preço bom", conta.

Já o inspetor José Rodrigues não teve a mesma sorte. "Não consegui parar para comprar o bacalhau antes e, agora, não dá mais para levar. Está muito caro", reclama. Para não ficar sem peixes no fim de semana, ele optou por corvina e filé de merlusa.

QUALIDADE
Na hora de comprar o peixe, o consumidor precisa sim pesquisar, pois a variação de um lugar para outro pode ser até a metade do valor. No entanto, é preciso se certificar da qualidade dos produtos. A recomendação é do economista Flávio Godas, da Ceagesp. "Não adianta ser apenas mais barato. No caso dos bacalhaus, o produto tem que continuar alto, com postas largas, mesmo após limpo. Nos peixes in natura, é importante observar o frescor, a qualidade e o tamanho das peças", ensina.




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