Os partidos de esquerda de São Caetano, Psol, PCdoB e PTC, se uniram contra a decisão da Prefeitura, que teve a aprovação do Legislativo, em autorizar a concessão dos serviços públicos do DAE (Departamento de Água e Esgoto). Para os próximos dias, as legendas preparam movimentação nas ruas da cidade, com a distribuição de folhetos informativos, expressando ideias contrárias sobre a proposta do Executivo municipal.

O ex-candidato para prefeito nas últimas eleições Horácio Neto (Psol) acusa a Prefeitura de não agir com transparência no caso. "Os funcionários não foram consultados, não houve audiências públicas", afirma.

Apesar de a administração garantir que o DAE terá apenas a concessão dos serviços de água e esgoto, sem a venda da autarquia, Horácio acredita que a Prefeitura está "tentando disfarçar a proposta de privatização, optando por uma modalidade mais danosa ao interesse público, que é a concessão por 30 anos." Para os partidos, a concessão é o primeiro passo para a venda da instituição pública.

Outro fato citado pelo político é a possibilidade do aumento de tarifa na conta de água dos moradores e a queda na qualidade dos serviços. "As várias formas de privatização realizadas nos últimos anos no País resultaram em aumentos nas tafifas."

A Prefeitura já deixou claro que o orçamento do DAE não é suficiente para a realização de grandes obras, mas com a empresa concessionária, sistemas de drenagem para combate às enchentes poderão ser finalmente colocados em prática. Rebatendo a isso, Horácio diz que o DAE é uma autarquia que gera superávit financeiro, "o que pode constituir um importante elemento para fortalecer as políticas públicas voltadas para o meio ambiente da cidade, inclusive para obras de drenagem e prevenção de enchentes. Por que abrir mão dessas receitas e entregá-las ao capital privado?"

O político cita ainda a importância histórica que o DAE carrega, ao lembrar que junto a outras autarquias municipais ele resistiu ao processo de centralização autoritária de regime militar, que resultou na criação da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Além da movimentação política, o Psol, PCdoB e PTC irão ingressar com uma interpelação judicial ao prefeito José Auricchio Júnior, sobre o caso.

Em resposta, a Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, reafirmou que a criação da agência reguladora, que também consta no projeto, servirá justamente para criar mecanismos e obter estudos para que o DAE passe a ter lucros, que serão invetidos em obras, e não tenha que ser privatizado.

A assessoria garante também que nada mudará para a população e que não haverá aumento da taxa de água.

Como a interpelação judicial ainda não foi apresentada, a Prefeitura preferiu não responder sobre o caso.