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Omnisys dobra faturamento em 2012

Aquecimento do setor de defesa fez com que indústria de S.Bernardo vendesse cerca de R$ 80 mi

Soraia Abreu Pedrozo
10/04/2013 | 07:00
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O potencial da indústria de defesa e segurança brasileira tem chamado cada vez mais a atenção das forças armadas do País e do mundo. Desde que se iniciou discussão em torno da renovação da frota dos 36 aviões-caça da FAB (Força Aérea Brasileira), há cerca de quatro anos, os olhares se voltaram ao segmento. É neste cenário que se destaca a Omnisys, empresa de engenharia desenvolvedora de tecnologia de São Bernardo, cujo faturamento dobrou em 2012.

A receita da empresa, que encerrou 2011 aos R$ 40 milhões, no ano passado alcançou cerca de R$ 80 milhões. Embora perto das vendas globais da francesa Thales - que em 2005 adquiriu 55% do capital da são-bernardense e, em 2011, a incorporou -  a representatividade ainda seja ínfima, não chegando a 2%, o diretor-geral da empresa para o Brasil, Julien Rousselet, espera que em três anos a Omnisys represente mais de 50% dos negócios na América Latina.

O boom da indústria brasileira na área de defesa é, na avaliação do presidente da Omnisys, Edgard Menezes, a mola propulsora do crescimento de suas vendas. E, conforme sobe a demanda por seus produtos e serviços, maior a transferência de tecnologia por parte da Thales. O próximo passo será o repasse da fórmula para desenvolver em território regional radar de vigilância costeira e guerra eletrônica, sistema que envia sinais elétricos que enganam os radares inimigos ao mostrar cenário falso e, assim, escapar do ataque. Tudo feito sem o uso de armamento ou munição. "Hoje, já fornecemos à Marinha equipamento que aprende a interpretar os sinais enviados pelo radar", conta Menezes. Ainda para a força armada, até 2017 será desenvolvido detector de mísseis.

No fim do ano passado, a Omnisys venceu três licitações da Agência Espacial Brasileira, da qual já era parceira. Engenheiros brasileiros da empresa desenvolveram sistema que identifica emissão eletromagnética que possa atrapalhar testes no centro de lançamento de Alcântara (Maranhão). "Fomos contratados para expandir a detecção desses sinais", diz Menezes. No Exterior, a Omnisys já marca presença nas forças armadas da França e da Guiana Francesa. "Exportamos tecnologia fornecendo componentes e modernizando seus radares."

A experiência com os radares começou há dez anos. Desde então, o investimento da Thales em seu braço brasileiro totaliza 120 milhões de euros ou R$ 313,3 milhões (considerando o euro a R$ 2,60). Em 2007, a companhia obteve a transferência de tecnologia de seu carro-chefe, o radar de controle de tráfego aéreo chamado de banda L que, à época, contou com o apoio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Menezes revela que a Omnisys participa, em média, de 100 licitações por ano e vence cerca de 35% delas. Em relação ao emprego, embora não tenha incrementado seu quadro em 2012, houve substituição de mão de obra francesa por brasileira. "Somos privilegiados por estar no Grande ABC. Com a chegada a Ufabc (Universidade Federal do ABC) à região, firmamos parceria e contratamos engenheiros muito capacitados", ressalta o presidente. Além disso, ele afirma que a empresa aproveita o fato de ter muitos fornecedores próximos, o que faz com que ela seja cada vez menos vertical, ou seja, procure fora a prestação de serviços como construção civil, manutenção e instalação.

Para estimular a formação de cadeia dessa indústria, a Prefeitura de São Bernardo lançou, há um mês, o APL (Arranjo Produtivo Local) Defesa, que busca auxiliar empresários da região a ingressar no segmento e fornecer às Forças Armadas. A modalidade favorece, ainda, a aquisição de insumos com desconto, dado o volume coletivo de compra.

 

 




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