Economia Titulo Grande ABC
Exportações sobem 1,98% no 1º bimestre

Ligeira expansão reflete, entre outros fatores, a recuperação na demanda dos Estados Unidos

Leone Farias
09/04/2013 | 07:00
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Depois de fechar 2012 com queda de 13% ante os números de 2011, as exportações do Grande ABC deram sinais de melhora, no primeiro bimestre, ao registrarem crescimento de 1,98% em relação ao mesmo período de 2012, de acordo com levantamento realizado pela equipe do Diário com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O desempenho reflete, em parte, a recuperação na demanda dos Estados Unidos. São Bernardo, principal polo exportador da região - o município representa mais de 60% do valor obtido pelo Grande ABC com as encomendas ao Exterior -, teve expansão de 90% nas vendas para o mercado norte-americano nos dois primeiros meses do ano. Desempenho semelhante se verificou em Santo André, que ampliou em 68% (em valores) os embarques para aquele país.

Como destaque entre os produtos exportados, em São Bernardo, os embarques de automóveis com motor de até 1.5 litro cresceram 58% e, em São Caetano, as vendas de carros 1.5 a 3 litros de até seis passageiros saíram quase do zero (R$ 84 mil) no primeiro bimestre de 2012 para R$ 6,9 milhões no início deste ano. Também houve forte expansão do envio de máquinas-ferramenta por empresas de Diadema - que não registrava exportação desse produto nos dois meses iniciais de 2012 e agora alcança R$ 3,6 milhões com o item, utilizado por muitas indústrias no processo fabril.

O resultado do bimestre poderia ser ainda melhor se o maior parceiro comercial do Brasil, a Argentina, não estivesse dificultando a entrada de produtos brasileiros em suas fronteiras. Segundo o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, ao mesmo tempo em que complica o ingresso dos itens do nosso País, o governo argentino restringe menos o comércio com China e Índia.

Com isso, houve redução de 8% nas exportações do Grande ABC para o mercado vizinho no primeiro bimestre, com destaque para a queda de 50% nos envios por parte de empresas de Santo André e retração de 25% nos casos de produtos de São Caetano.

PERSPECTIVAS - Se comparadas as exportações dos últimos 12 meses até fevereiro (R$ 552 milhões) na comparação com mesmo período anterior, o resultado ainda é de queda de 12,3%, aponta o economista da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Francisco Funcia. Ele tem dúvidas se os sinais de melhora nas encomendas no início deste ano vão continuar ao longo de 2013. "É um processo que precisa ser acompanhado, havia a expectativa de que a economia internacional reagisse um pouco", assinala.

O presidente da AEB não vê motivos para otimismo. Na sua avaliação, a taxa cambial segue ruim para os exportadores, com o real tendendo a se valorizar mais frente ao dólar. "O governo está usando o câmbio como fator de controle da inflação", diz. Além disso, neste mês começa a vigorar o bloco da Aliança do Pacífico, formado por Chile, México, Peru e Colômbia e que vai oferecer vantagens tarifárias para o comércio com países asiáticos. Com isso, ele prevê que o Brasil perderá participação nesses mercados sul-americanos.

Apesar do resultado, Grande ABC registra deficit comercial

Ao mesmo tempo em que as exportações registraram leve crescimento no primeiro bimestre, as importações tiveram forte expansão (16%) neste início de ano ante mesmo período de 2012, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento.

Com isso, as compras de produtos do Exterior já somam US$ 1 bilhão, superando as exportações em US$ 94 milhões. O deficit comercial mostra que, além de ter dificuldade em ganhar espaço no mercado internacional, as indústrias brasileiras estão perdendo terreno na disputa com os itens fabricados em outros países. Por um lado, o setor industrial nacional vê dificuldades em entrar na Argentina e a demanda retraída na Europa, por causa da crise no Velho Continente, e por outro, as empresas têm custos mais elevados que as do Exterior, por causa da alta carga tributária, logística (portos, rodovias etc) precária e falta de mão de obra qualificada, assinala o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.

 

 

 




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