A partir de abril, as sessões da Câmara de São Bernardo serão transmitidas ao vivo pelo canal 17 a cabo (Net) e 12 UHF. Os vereadores se reuniram ontem com integrantes da Fundac (Fundação para o Desenvolvimento das Artes e da Comunicação), tiraram as dúvidas sobre o projeto e o presidente Otávio Manente (PPS) irá se reunir com a mesa diretora para assinar o contrato de R$ 9,5 milhões ainda hoje.

Após a rubrica, a empresa terá 30 dias para implementar o sistema e colocar as plenárias no ar. Para isso serão necessários 39 profissionais de comunicação e equipamentos. Serão oito horas diárias de programação, inclusive nos fins de semana - diferentemente de Santo André, em que há divulgação somente das sessões.

A grade de programação prevê entrevistas, matérias jornalísticas, inserção de publicidade institucional, dentre outros elementos comunicacionais. Os questionamentos dos parlamentares eram justamente sobre o formato da TV Câmara e os custos, considerados altos - R$ 795 mil mensais.

"Considero a explanação satisfatória. Todos os esclarecimentos foram feitos em detalhes. Cumpri todos os condicionantes para assinar o contrato. Estou tranquilo", ressaltou Otávio Manente, que se reunirá com os secretários da mesa diretora Ramon Ramos (DEM) e Luiz Francisco da Silva, o Luizinho (PT) para avalizar a assinatura.

A Fundac montará estúdio e colocará ilha de edição dentro do Legislativo. A princípio, o presidente da Casa disponibilizará gabinetes vazios do anexo 1. Posteriormente, com a reforma estrutural, Otávio Manente pretende montar salas específicas para os profissionais da empresa trabalharem.

POLÊMICA - Apesar de Manente garantir a assinatura do contrato da TV Câmara, uma polêmica ainda ronda o caso. O vereador Wagner Lino (PT) disse que desconhecia a reunião com técnicos da Fundac - 13 parlamentares participaram do encontro.

A concretização do projeto dependeria de aval de Luizinho, mas, segundo Wagner, a bancada petista ainda não havia definido posicionamento diante da questão.

"Temos um Legislativo atuante, dinâmico. A TV irá informar o cidadão. O presidente nos disse que as dúvidas da bancada já haviam sido respondidas por escrito", ressaltou o líder do governo, Tião Mateus (PT). Luizinho não foi encontrado para comentar o assunto.

Outros objetivos são as reformas física e administrativa da Casa

A concretização da TV Câmara de São Bernardo é um dos três grandes objetivos do presidente Otávio Manente em seu mandato no comando do Legislativo, que termina em dezembro - não há reeleição.

O popular-socialista, que está à frente dos trabalhos da Casa desde janeiro de 2009, quando foi eleito pelos próprios pares - resultado de acordo político para apoiar a candidatura petista no segundo turno da eleição de 2008 -, ainda visa efetuar duas reformas na Casa: a física e a administrativa.

A primeira é mais fácil. Mas apenas fazer estudo do que deve ser feito e lançar edital de concorrência para contratação da empresa que será responsável pela reestruturação do espaço onde funcionavam os antigos gabinetes - hoje os vereadores trabalham no anexo 1.

Já as mudanças na administração da Câmara são mais complicadas, pois têm de passar por processo político. Os 21 parlamentares têm de aprovar, em votação em plenário, as alterações. No fim do ano passado foi feita explanação aos vereadores sobre a proposta. E mesmo a bancada de sustentação do governo, a qual Manente faz parte, foi reticente.

O presidente argumenta que é necessário abrir vagas, por concurso, como por exemplo na área de assessoria financeira. Há previsão de revisão do salários de alguns funcionários e criação de ao menos dez postos.

Segundo dados preliminares, a reforma administrativa consumirá R$ 760 mil por ano - R$ 63,3 mil mensais - do orçamento da Casa, equivalente a menos de 2% sobre o repasse de R$ 48,3 milhões que a Prefeitura concedeu à Câmara neste ano.