O Conselho militar que retirou do poder na quinta-feira através de um golpe de Estado o presidente do Níger, Mamadou Tandja, anunciou nesta sexta-feira que vai acabar com o toque de recolher às 15h GMT, assim como pretende reabrir as fronteiras e libertar vários ministros.

Após ter derrubado do poder na véspera o presidente Mamadou Tandja, o CASDR (Conselho Supremo para a Restauração da Democracia) anunciou ter na liderança o comandante do esquadrão Salou Djibo, cuja unidade, fortemente armada, desempenhou papel chave no golpe.

"O governo está dissolvido", afirmou um comunicado assinado por Djibo e lido na televisão estatal por um oficial não identificado.

Da Etiópia, o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, condenou a ação dos militares do país.

"A UA condena sistematicamente qualquer mudança constitucional e a tomada de poder através da força ocorrida no Níger", afirmou Ping, que pediu "o rápido retorno à ordem constitucional".

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também condenou o golpe de Estado e incentivou "todos os envolvidos a se comprometerem imediatamente em um processo democrático" para estabelecer uma "ordem constitucional" no país.

"A UE (União Europeia) compartilha a inquietude da UA e da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste) sobre os acontecimentos recentes e apoia seus esforços de mediação", prosseguiu Güllner em um comunicado.

A França também repreendeu a tomada poder por vias não constitucionais por parte dos militares em Níger e pediu um diálogo para o fim da crise política na antiga colônia francesa.

"A França pede a todos os personagens, incluindo as Forças Armadas, que encontrem, por meio do diálogo e no menor prazo possível, uma solução para a crise constitucional, e pede ainda uma demonstração de responsabilidade", afirmou o porta-voz do ministério, Bernard Valero.

Golpe - Os militares de Níger derrubaram Tandja na quinta-feira em enfrentamentos armados que deixaram pelo menos três mortos. "Neste dia, 18 de fevereiro, nós, as forças de defesa e segurança, decidimos assumir nossa responsabilidade colocando fim à tensa situação política", afirmou o porta-voz da CSDR, o coronel Goukoye Abdoulkarim.

Níger, um dos países mais pobres do mundo, apesar de ser o terceiro produtor mundial de urânio, atravessa uma grave crise desde que o presidente decidiu prolongar seu mandato.

Após 10 anos no poder, Tandja, 71 anos, dissolveu no ano passado o Parlamento e o Tribunal Constitucional e conquistou o aumento de seu mandato por pelo menos mais três anos em um referendo realizado em agosto.

O coronel Dikibrilla Hima Hamidou, comandante da unidade de elite militar do Níger e ex-membro de outro grupo responsável por um golpe de Estado em 1999, apareceu junto ao porta-voz que anunciou a tomada de poder.

Segundo informações, os militares golpistas prenderam Tandja em um local diferente de onde estão os ministros.