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Vida longa às cores neutras
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
17/02/2010 | 07:03
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O Brasil tem o privilégio de ser um País naturalmente colorido. O céu, boa parte do ano, é azul. Os parques trazem o verde como cor predominante, com leves pinceladas de rosa, roxo e laranja das flores que desabrocham na primavera. No entanto, nas ruas e avenidas, o que vemos é uma TV em preto e branco, dominada por carros nas cores prata, preto, cinza e branco.

Uma pesquisa de popularidade de cores realizada anualmente nos principais mercados automobilísticos pela DuPont - empresa que produz tintas para veículos - revela que, no Brasil, os carros de cor prata representaram 33% das vendas em 2009. O preto aparece na segunda colocação, com 25%, seguido pelo cinza, 14%, e do branco, 10%. O vermelho aparece em quinto, com 9%.

Segundo Henrique Sampaio, gerente de marketing de produto da Volkswagen, o motivo dessa ditadura das cores tem uma forte influência mercadológica. "A compra do carro no Brasil ainda é muito racional. O consumidor compra já pensando na revenda, apesar de algumas vezes desejar uma cor diferente", explica Sampaio.

E ele realmente tem razão, pois a desvalorização dos veículos que têm cores - vamos chamar de predominantes - no momento da revenda é menor diante das demais cores.

Cristina Belatto, gerente do Estúdio Design Color & Trim da General Motors, enaltece o fato de o consumidor preferir cores mais neutras. Menos cansativas. "O brasileiro ainda é muito conservador, principalmente os donos de veículos pequenos", reconhece. "O brasileiro gosta de cores discretas. Agradáveis."

Recentemente, as montadoras têm utilizado cores vibrantes para fazer o lançamento de seus veículos. A Chevrolet, por exemplo, inventou um verde amarelado para o Agile. A Volkswagen criou um laranja chamativo para o novo CrossFox. A Fiat investe forte no amarelo para as linhas Punto e Stilo Sporting. Então nos indagamos: "A ditadura das cores está no fim?" A resposta é não.

"As montadoras utilizam essas cores apenas para causar impacto. Muitas vezes, elas não são comercializadas", explica Adília Afonso, integrante da equipe de design da Ford. "O prata, preto, cinza e branco vão dominar o mercado por um bom tempo ainda. Vieram para ficar. E isso não só no Brasil, mas no mundo", completa a especialista.

Para Sampaio, já existe um movimento diferente. "Trocar de carro hoje é mais fácil pelo crédito disponíveil e as diversas possibilidades de financiamento. O consumidor prefere perder um pouco na revenda e diluir o prejuízo nas parcelas, mas ter um carro da cor que gosta."

O branco é uma das cores que mais crescem no mercado interno. Para Henrique Sampaio, um dos motivos é a chegada de importados na cor branca que denotam status - modelos da Audi, BMW e mesmo alguns esportivos. Na opinião de Adília Afonso, a evolução do design dos veículos fez com que o branco se tornasse uma cor mais atraente. "Antigamente, um carro branco era sem graça", reconhece.

INTERIOR - Assim como as cores externas, as internas também são marcadas pelo conservadorismo. Nada de extravagâncias. Preto, cinza escuro e, às vezes, branco são as que reinam.

"As cores escuras são úteis no Brasil. Mantêm a aparência de limpeza, afinal, 80% das vias não são asfaltadas. São de terra ou cascalho", enfatiza Sampaio.

Segundo Cristina Belatto, os utilitários esportivos têm revelado tendência para as cores claras. "O Captiva adota essa tendência", lembra. "Cores mais fortes somente em costura de banco, detalhe de friso ou destaque no painel de instrumentos."

Carros de nicho como Fiat 500, Mini Cooper e Smart Fort adotam tonalidades mais chamativas fora e dentro do carro. "Faz parte do segmento. Quem busca um carro desses quer exclusividade."




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