A Coreia do Norte realizou nesta sexta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, disparos de artilharia no Mar Amarelo, em uma zona de fronteira sensível com a Coreia do Sul.
Os projéteis caíram ao norte da fronteira marítima, no setor da ilha de Yeonpyeong, administrada por Seul.
O Norte impugna o traçado desta fronteira estabelecida pelas Nações Unidas ao final da guerra (1950-53).
O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, em declarações à BBC, disse que continua aberto a um encontro com o número um norte-coreano Kim Jong-il, apesar das tensões resultantes dos exercícios de artilharia realizados esta semana pelo Norte.
"Devemos iniciar um diálogo frutífero e manter discussões sobre o princípio da questão nuclear norte-americana", declarou Lee, que está participando no Fórum Econômico Mundial.
Um duelo de artilharia foi registrado nesta quarta-feira entre as duas Coreias depois do disparo de 80 obuses pelo Exército norte-coreano, menos de três meses depois de um incidente naval que já havia aumentado a tensão entre os dois países.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, o Exército norte-coreano efetuou disparos próximo à ilha de Baengnyeong, sob administração de Seul.
Os marinheiros sul-coreanos presentes na ilha revidaram disparando obuses de um alcance de 3 a 4 km. A troca de disparos não deixou feridos.
No mês passado, a Coreia do Norte, governada por um rigoroso regime comunista, havia advertido aos navios sul-coreanos que evitassem a zona marítima fronteiriça, indicando que sua artilharia efetuará exercícios.
"Os exercícios de artilharia efetuados pelo Exército Popular da Coreia continuarão sendo realizados nas mesmas águas", assegurou o Estado-Maior norte-coreano em um comunicado.
A fronteira entre os países no Mar Amarelo é uma zona muito sensível, onde ocorreram vários incidentes navais.
O mais recente foi registrado em novembro passado. As autoridades sul-coreanas afirmaram então ter provocado grandes danos em um navio norte-coreano que havia cruzado a fronteira marítima, ignorando os disparos de advertência.
Pyongyang afirmou na época que recorreria a "meios militares" para proteger sua fronteira marítima.
Essa zona é fonte incessante de conflitos entre os dois países desde o final da guerra da Coreia. O Norte questiona esse limite estabelecido pelas Nações Unidas ao término do conflito e defende que seja deslocado mais para o sul.
"A Coreia do Norte, provavelmente, manterá estas provocações militares de baixa intensidade durante os próximos meses", declarou o especialista Baek Seung-Joo, do Instituto Coreano de Análises de Defesa.
"Mas é improvável que isso vá muito além, pois o Norte quer manter sua cooperação econômica com o Sul", considerou.
No domingo passado, a Coreia do Norte havia criticado um plano sul-coreano que prevê um "ataque preventivo" contra seu território para responder a qualquer ataque nuclear.
Exatamente nesse tema, Pyongyang exige como condição prévia a retomada das negociações sobre sua desnuclearização a assinatura de um tratado de paz com Estados Unidos, o que Washington rejeita.
O departamento de Estado americano qualificou de "provocação" os disparos da artilharia norte-coreana.
Já o Pentágono pediu "moderação" ao regime de Pyongyang.
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