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As crianças estão precoces?
Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
07/04/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Primeiro, você precisa entender que a palavra precoce se refere a algo que amadurece, se desenvolve antes do tempo natural. Se a gente comparar as gerações atuais com as passadas tem a impressão de que as crianças de hoje são precoces. Isso ocorre por causa do acesso a informações e materiais (disponíveis principalmente em razão das tecnologias) que não existiam antes e que ajudam a desenvolver a inteligência, coordenação motora, raciocínio e o conhecimento sobre o que existe no mundo.

Isso não significa, porém, que seus pais, tios e avós eram menos inteligentes na infância deles. Cada época é diferente, e o comportamento das pessoas muda conforme os avanços da sociedade.

É natural o jovem mexer no computador, tablet e celular com mais facilidade do que o adulto. Mas montar brinquedos (como carrinho de rolimã) e inventar jogos eram mais comuns há algumas décadas. Atividades assim estão sumindo.

A linguagem, vestimentas e hábitos também mudam com o passar do tempo; em geral, sofrem influência da mídia (TV, rádio, internet). E é normal sentir vontade de imitar o personagem preferido ou adultos da família. É modo de se preparar para os desafios do futuro; só não pode esquecer que é brincadeira.

O palavrão, que sempre existiu, é outro assunto delicado. Ao dizê-lo, a pessoa costuma ser repreendida. Há quem acredite, porém, que as broncas estejam cada vez mais raras. Por isso, as crianças de hoje o falam com frequência.

 

Pessoas trabalhavam na infância

Há quem defenda que a infância era mais alegre no passado porque dava para brincar nas ruas e havia menos violência. No entanto, muitas crianças não tinham tempo para diversão ou estudo, pois precisavam trabalhar. Além de ajudar a família, acreditava-se que o emprego as afastava de coisas erradas.

Somente após a Revolução Francesa, no século 18, a sociedade percebeu que o público infantil tinha necessidades diferentes do adulto e, assim, deveria ser protegido.

No Brasil, a mudança começou a acontecer só a partir de 1891, quando foi criada a primeira lei de defesa da criança. Tornou-se proibido o trabalho em máquinas em movimento e faxina de quem tinha menos de 12 anos.

Em 1990 nasceu o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que garante direitos importantes. Entre as leis está a que determina que jovens com menos de 16 anos não podem trabalhar. Apesar da legislação e dos esforços, cerca de 1,6 milhão de jovens, entre 10 e 15 anos, trabalhava no Brasil em 2010.

 

Saiba mais

- É impossível dizer se a infância atual é melhor ou pior do que a de antigamente. Isso porque cada época tem características boas e ruins. Há quem diga que hoje é mais fácil aprender coisas erradas. No entanto, décadas atrás, as pessoas morriam por doenças como gripe e febre, pois ainda não existiam remédios e tratamentos adequados.

- Não importa a época, brincar sempre foi e será importante para a infância. Além de divertido, desenvolve o corpo e a mente. Ensina a conviver melhor com as pessoas, a ser organizado e a respeitar regras. É forma de a gente mostrar o que sente e criar o mundo que quiser. Brincadeiras em que mexemos o esqueleto também nos deixam saudáveis.

 

Para Gabriel Coser, 11 anos, de São Bernardo, as crianças de hoje são precoces (amadurecem mais cedo). "Falam palavrão, usam roupas de adultos, namoram e as meninas passam maquiagem." Segundo o garoto, aproveitava-se mais a infância no passado. "Era mais inocente."

 

Consultoria da psicopedagoga Sandreilane Cano e da psicóloga e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC Maria Regina de Azevedo.

 

 




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