O faturamento obtido com exportações no Grande ABC caiu 32,2% em 2009, sobre o resultado de 2008. O montante acumulado das comercializações ao exterior foi de US$ 4,6 bilhões no ano passado, o que representou 10,84% do total arrecadado no Estado de São Paulo. Em 2008, esses resultados foram, respectivamente, US$ 6,7 bilhões e 11,85% de participação estadual.

A receita oriunda das exportações da região também ficou abaixo da variação negativa estadual, que foi de 25,93%. Os dados são do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

Para o coordenador do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Francisco Rozsa Funcia, esse resultado negativo tem um lado positivo: a melhor condição do Brasil em driblar a crise financeira mundial, desencadeada pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.

"Em geral, o número revela que a economia mundial sofreu com a crise. E o reaquecimento desta economia está mais lento do que a recuperação brasileira", pontua Funcia.

Ele comenta que o fortalecimento do mercado interno nacional serviu como escudo para não sofrer com a crise, mas o setor externo também é importante. "A economia brasileira necessita de maior inserção no comércio internacional. O importante é que a corrente do comércio (soma dos faturamentos de exportação e importação) seja forte", diz.

Funcia afirma que o momento cambial atual deveria ser aproveitado pelas empresas da região para mudar o target (alvo) das exportações. Isso significa garimpar mercados em países não explorados.

DESEMPENHO
Os bens de capital foram algozes para o desempenho da exportação de São Bernardo. Os equipamentos de transporte de uso industrial, item que gerou mais receita em 2008 (US$ 1,7 bilhão), cerca de 39,7% do total do município, desabou 66,3% em 2009, passando a US$ 601,5 milhões.

A cidade registrou a segunda maior queda da região, 34,6%, perdendo apenas para São Caetano, que caiu 37,7%. Em 2008, São Bernardo faturou US$ 4,4 bilhões. No ano passado, o resultado foi de US$ 2,9 bilhões.

Santo André registrou queda de 17,7% em 2009, diante do resultado de 2008, com US$ 635,1 milhões. O diretor do Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Dalmir Ribeiro, explicou o motivo da menor redução. "A economia de Santo André é mais diversificada e não está tão atrelada ao setor automobilístico que foi diretamente afetado pelo encolhimento dos mercados internacionais."

Tanto São Bernardo quanto São Caetano têm suas exportações compostas, em maioria, por produtos do setor automobilístico.

ASCENSÃO
Rio Grande da Serra registrou o melhor desempenho nas exportações, com US$ 1,1 milhão de receita, aumento de 89,6% em relação a 2008.

Os produtos relacionados ao setor automotivo, como peças de freios e caixas de marcha representaram cerca de 90% do faturamento com vendas ao Exterior. A Espanha foi a maior importadora dos produtos da cidade, comprando US$ 988 mil, 136,3% a mais que em 2008.

Ribeirão Pires, alavancada pelas exportações da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), exportou US$ 130,4 milhões, elevando em 4,6% o seu faturamento sobre o resultado de 2008.