O presidente peruano, Alan García, anunciou neste sábado o cancelamento de uma reunião prevista com sua colega chilena, Michelle Bachelet, paralelamente à Cúpula da Apec após um caso de espionagem entre os dois países, pelo qual resolveu antecipar em 24 horas sua volta ao Peru.

"Estou antecipando em 24 horas minha volta para ter uma informação plena, adequada, e poder me expressar de dentro do Peru", disse Alan García, em breves declarações à imprensa, no hotel no qual está hospedado em Cingapura, logo antes do início da Apec (Cúpula do Fórum de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico).

O escândalo de espionagem e a volta antecipada a seu país fizeram Alan García cancelar uma reunião com Bachelet, na qual também participaria o presidente mexicano, Felipe Calderón, prevista para a manhã de domingo à margem da Cúpula da Apec. "Temos que suspender este encontro porque estamos voltando ao Peru justamente por este caso", indicou, sem querer se pronunciar sobre o ocorrido.

Apesar da decisão, Alan García decidiu participar neste sábado da abertura da Cúpula da Apec, onde se encontra também a presidente chilena.

O chanceler peruano, José Antonio García Belaunde, considerou o caso de espionagem um "ato ofensivo". Em declarações à rádio peruana, García Belaunde indicou que o governo peruano deixará muito claro seu protesto e quer a punição dos responsáveis chilenos deste ato inamistoso contra o Peru, afirmando que o embaixador peruano em Santiago será chamado para consultas.

No entanto, descartou em um primeiro momento uma ruptura das relações bilaterais. A informação divulgada quinta-feira segundo a qual um suboficial da FAP (Força Aérea peruana), Ariza Mendoza, espiava em favor do Chile, comoveu o Peru.

O caso se complicou sexta-feira quando um juiz peruano emitiu uma ordem de prisão contra dois supostos militares chilenos, acusados de instigadores de espionagem em prejuízo do Estado peruano, peruano, enquanto as investigações tentam determinar se cabe uma ordem de extradição.

As relações entre os dois países estão marcadas pela tensão, após uma demanda apresentada pelo Peru contra o Chile em janeiro de 2008 ante a Corte Internacional de Justiça de Haia, por uma disputa envolvendo limites marítimos no Oceano Pacífico.