A senadora Marina Silva (PV-AC) defendeu ontem o presidente Lula, chamado de "analfabeto" pelo cantor e compositor Caetano Veloso, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, dia 2. "Obviamente que eu não concordo com a ideia de que Lula seja um analfabeto", disse. Na mesma entrevista, Caetano afirmou que votará em Marina se ela for candidata a presidente.

A ex-ministra ainda não havia feito nenhuma manifestação a respeito da entrevista de Caetano por estar com dificuldades para falar devido a cirurgia na boca. "Tenho relação afetiva de mais de 30 anos com o presidente Lula. A visão que tenho dele é permeada por essa relação de respeito e de companheirismo", acrescentou Marina, que somente se manifestou por escrito.

Ela lembrou que o próprio Caetano, em carta publicada ontem pelo mesmo jornal, esclareceu que não quis ser ofensivo ao presidente brasileiro.

"Como venho de trajetória de alguém que estudou com muita dificuldade, sinto-me feliz pela fresta pela qual passei, que foi o Mobral (programa de alfabetização de adultos criado durante a ditadura militar), o supletivo, o primeiro e o segundo graus, tendo feito uma faculdade e duas especializações. Mas sei que temos várias formas de aprender e de ensinar. Existem os processos formais e informais. Por isso, não concordo com a ideia de que o presidente seja um analfabeto", insistiu Marina.

AGRADECIMENTO - Ela disse ter ficado muito grata a Caetano por ter manifestado o desejo de votar nela, caso seja candidata a presidente. "Conversei com o Caetano para agradecer seu apoio e ele me disse exatamente isso: que na entrevista até elogiou o presidente Lula."

Marina repetiu Caetano na carta publicada ontem pelo O Estado de S.Paulo: "Às vezes, as pessoas não veem a frase seguinte." A ex-ministra afirmou que desde seu afastamento do PT não teve mais nenhum encontro com o Lula.