Os moradores do Jardim Santo André, em Santo André, temem ação violenta durante a operação de desocupação de mais 110 imóveis no bairro, que ocorre hoje, a partir das 6h, nos núcleos Cruzado 1 e Cruzado 2. Será a segunda etapa, neste ano, do processo de destruição de edificações para continuidade no projeto de urbanização do bairro, executado pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O projeto envolve investimentos de aproximadamente R$ 400 milhões.

Na primeira etapa da reintegração, dia 13, a retirada das famílias ocorreu de forma pacífica e não houve incidentes. "Nossa preocupação é que nos tirem daqui com brutalidade. Muita gente já está levando as coisas embora para não ser pego de surpresa e ter de sair às pressas com as máquinas derrubando tudo", disse o autônomo André Luiz dos Santos, 28 anos.

O comerciante Paulo André de Souza, 39, que trabalha no local há oito anos, também teme ação truculenta, mas avisa que a população não irá tolerar atos de abusos por parte da Polícia Militar, CDHU e oficiais de Justiça. "Somos todos trabalhadores e é injusto tirarem o ganha-pão de pais de família como está acontecendo", disse o lojista, que, segundo ele, terá o estabelecimento destruído na próxima reintegração de posse, prevista para maio.

A maior parte dos imóveis que serão desocupados hoje está sendo utilizada como estacionamento dos prédios de moradia popular no bairro e comércios. Nesses casos, os proprietários não são indenizados pela estatal durante o processo de reintegração de posse dos imóveis. Ontem à tarde, alguns moradores já tiravam telhas e pertences dos imóveis.

O capitão da Polícia Militar Luiz Roberto de Moraes, do 41º Batalhão, que estará à frente da operação, tranquilizou os moradores. "Vamos adotar a mesma postura que tivemos nas últimas remoções, com cortesia, compreensão do problema enfrentado por moradores e preservação da dignidade das pessoas atingidas na ação. Todos os nossos homens envolvidos receberam treinamento e instrução sobre a maneira como as pessoas devem ser tratadas. A população pode ficar tranquila em relação ao nosso trabalho", disse.

No dia 13 do mês passado foram desocupadas 86 edificações dos núcleos Lamartine e Dominicanos. A ação foi realizada tranquilamente, sem resistência por parte dos moradores nem abuso de autoridade por parte dos policiais. Está prevista a terceira etapa da reintegração de posse para o dia 7 de maio, com a desocupação de aproximadamente mais 140 imóveis.