Cultura & Lazer Titulo Teatro
Com um quê de sarcasmo
Eliane de Souza
Do Diário do Grande ABC
27/09/2009 | 07:29
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Vila Sésamo para adultos é a melhor definição para a peça Avenida Q. Bonecos fofos cantarolando refrões pegajosos fariam acreditar que esse seria mais um musical água com açúcar. A surpresa vem no primeiro ato, quando os personagens, sem qualquer resquício infantil, revelam-se fracassados, mas aliviados quando veem que a desgraça alheia pode ser muito maior. "É um espetáculo que não tem medo de ser politicamente incorreto e de mexer com tabus como racismo e homossexualidade, sempre com muito humor e ironia", sintetiza o diretor Charles Möeller, que dirige a versão brasileira do musical da Broadway. A imaginária Avenida Q é subúrbio de Nova York - com identificação direta com qualquer bairro pobre de São Paulo. É lá que o jovem Princeton procura por um rumo, munido por mais sonhos do que dinheiro. Lá encontra Brian, o comediante desempregado, e sua noiva, a terapeuta Japaneuza; Rod, o bancário gay; Trekkie, o viciado em pornografia; Kate, uma professora com alcunha de monstra; a fogosa Lucy De Vassa; além dos ursinhos do mal, a Dona Coisa Ruim e um ex-astro mirim. Todos tentam encontrar trabalho, romance e uma finalidade para suas vidas.

No enredo não faltam citações irônicas a pagantes de meia-entrada, ex-BBBs e atores de Malhação. Longe de se sentir ofendida, a plateia se desmancha em gargalhadas. "As pessoas vivem o sofrimento que não percebem em si mesmas, como brigas de família, rivalidade no trabalho. Situações que parecem pequenas, mas fazem a desgraça da sociedade. Somos todos frustrados, não conseguimos atingir na vida nem 20% do que planejamos", explica o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, autor do livro A Inconsciência Coletiva, sobre a predileção do público por sátiras cotidianas.

A atriz Renata Ricci, de São Bernardo, interpreta a Ursinha do Mal, personagem que ao lado do Ursinho do Mal não mede esforços para dar um empurrãozinho a quem já está à beira do precipício. "Eles podem ser comparados a amigos que pensamos que temos na vida real", aponta.

Após temporada de cinco meses no Rio de Janeiro, o musical recebeu cinco indicações para o Prêmio Shell - melhor direção, atuação feminina, atuação masculina, iluminação e categoria especial, pela versão da trilha sonora

Avenida Q segue no Teatro Procópio Ferreira até 1º de novembro. Sessões de quinta a sábado, às 21h; e domingo, às 19h. Preços: R$ 70 (quinta), R$ 80 (sexta e domingo) e R$ 90 (sábado), com meia-entrada. Classificação: 14 anos.




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