Esportes Titulo Zagueiro
Os dois lados do 'guerreiro' Domingos
Marília Ruiz
Do Diário do Grande ABC
21/09/2009 | 07:04
Compartilhar notícia


"Foram casos sérios e pontuais de seu destempero dentro do clube que me obrigaram a tomar a decisão de afastá-lo. Eu seria imprudente e inconsequente se continuasse permitindo que ele botasse em risco a integridade física de seus próprios companheiros." Assim o técnico Vanderlei Luxemburgo pôs fim, semana passada, à segunda passagem de Domingos, pelo Santos.

O motivo e as circunstâncias da punição são bem conhecidos (a entrada violenta no goleiro reserva que resultou em duas fraturas). Mas e o zagueiro? Quem é? O jogador que neste ano ficou famoso pelas recentes confusões no Paulista e, agora, pela fratura em colega de clube?

Certo é que muitos ficarão surpresos ao saber que ele tem apenas 23 anos. Só. Inacreditáveis 23 anos para um zagueiro lembrado pelo físico, pela altura e pela força desproporcional e descontrolada, segundo o técnico santista.

Com passagens pelo Santos e Grêmio, Domingos é fora de campo muito diferente do que é dentro das quatro linhas.

Calmo, sereno e até ingênuo. Assim definiram o jogador alguns de seus colegas da Vila, ainda chocados com a notícia de que uma singela falta do zagueiro tenha causado contusão que vai tirar Rafael dos gramados por pelo menos seis meses.

O próprio Luxemburgo fez questão de defender Domingos fora de campo. "É uma ótima pessoa e um excelente caráter, mas não tem a devida noção para medir sua força."

O jogador, logo após o anúncio da sua punição, também demonstrou serenidade e surpreendeu a todos ao ir visitar o colega no hospital. "Gostaria de dizer que não houve a intenção de machucar meu amigo."

A atitude, louvável, pouco combina com o histórico recente de confusões do jogador no clube. No final do ano passado, por exemplo, envolveu-se em um lance com o lateral Bruno, que precisou ser submetido a uma cirurgia no joelho e ainda se recupera da lesão. Em outra disputa, também durante um treino, quebrou um dente de Kléber Pereira isso, claro, sem contar as confusões com o palmeirense Diego Souza, o ex-são-paulino Adriano e o corintiano Dentinho.

Nenhum dos três quis comentar o afastamento do santista. O mesmo valeu para o presidente do clube.

A interlocutores, entretanto, Marcelo Teixeira lamentou o destempero do zagueiro, que tem contrato com o clube até 2011 e será negociado por empréstimo para o clube se safar dos R$ 80 mil mensais que tem de pagar ao jogador. É sabido que o dirigente gosta do zagueiro e lamentou a sua saída obrigatória depois de mais um caso de jogada violenta que ele assim não analisa.

E o problema de Domingos é exatamente este: a distorção entre as imagens que ele provoca e as que ele mesmo vê no seu jeito de jogar. "As pessoas precisam entender a maneira que eu jogo. Não sou agressivo, não dou pontapé. Sempre procuro jogar firme, respeitando o companheiro. Jogo com pegada, vontade e não vou deixar ninguém atrapalhar isso, independentemente de qualquer coisa."

A descrição de seu modo de jogar foi dada há alguns meses, mas casa exatamente com a declaração exclusiva que ele deu ao Diário: Domingos não se arrependeu pela entrada em Rafael, só lamentou a consequência final. Sobre o final dele? Por ora, será longe da Vila.

Defensor não se arrepende de nada

Quase duas semanas depois de ter fraturado a perna do goleiro santista reserva Rafael durante treinamento no Centro de Treinamento Rei Pelé, na Baixada, e de ter sido afastado do elenco pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, o zagueiro Domingos aceitou falar. Em entrevista exclusiva ao Diário, por meio de perguntas enviadas a sua assessoria por e-mail, o zagueiro aceitou falar de si. Não quis comentar o lance nem a punição.

DIÁRIO - Como você se descreveria?
DOMINGOS NASCIMENTO DOS SANTOS FILHO - Sou uma pessoa de personalidade forte e de caráter, que nunca desiste do que deseja.

DIÁRIO - Qual sua maior virtude e qual seu maior defeito?
DOMINGOS - Minhas virtudes são enfrentar os obstáculos da vida e minha força física. Meu defeito é não saber perder. Quero ganhar tudo que disputo.

DIÁRIO - Qual foi a maior alegria da sua vida? E a maior tristeza?
DOMINGOS - Minha maior alegria foi o nascimento da minha filha e é ter sempre comigo a minha família. Uma tristeza seria não poder fazer uma coisa que gosto muito, como jogar bola. Mas não tenho nenhuma tristeza.

DIÁRIO - Se você não fosse jogador, o que gostaria de fazer ?
DOMINGOS - Nunca pensei nessa possibilidade. Eu não sei o que seria. Sempre quis ser jogador, desde pequeno, e nunca pensei em ser outra coisa.

DIÁRIO - Quem são seus melhores amigos?
DOMINGOS - Minha esposa (Vanuce), meu pai (Domingos), meu irmão (Luis). Todos da minha família.

DIÁRIO - Qual o seu hobby?
DOMINGOS - Às vezes jogo futevôlei na praia, mas não chega ser um hobby. É uma diversão para de vez em quando.

DIÁRIO - Qual a sua maior alegria como jogador? Qual o jogo de que, ao fechar os olhos, você se lembra? E qual gostaria de apagar da memória?
DOMINGOS - Minha alegria como jogador foi conquistar quatro títulos pelo profissional e ter chegado à Seleção Brasileira Sub-20. O jogo que não sai da memória é a "Batalha dos Aflitos" (jogo entre Náutico e Grêmio, em 2005, que garantiu a volta do time gaucho à Primeira Divisão). Não tenho nenhum para apagar: todos foram importantes no momento que passei.

DIÁRIO - Arrepende-se de alguma coisa?
DOMINGOS - Não, não me arrependo de nada. Fico triste pelo ocorrido com o Rafael.

DIÁRIO - Alguma coisa que gostaria que estivesse escrito junto ao seu nome em uma matéria sobre você?
DOMINGOS - Não sei dizer, mas sou uma pessoa que não desiste nunca e estou sempre focado nos meus objetivos. Acho que sou determinado, esforçado.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;