Porta de entrada para a Floresta Amazônica, a capital do Pará é geralmente lembrada pelas chuvas que ocorrem toda tarde sem falhar, pelo calor quase insuportável do clima tropical úmido e, mais recentemente, pela excentricidade das letras de tecnobrega. Mas os donos de paladares mais apurados já perceberam que Belém também merece destaque pela autêntica gastronomia. Prova disso é o sucesso do Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, o maior evento do gênero no Norte do Brasil, que ocorrerá entre os dias 7 e 14 de abril. O encontro entre profissionais e amantes da boa mesa foi idealizado pelo chef Paulo Martins para promover e resgatar ingredientes e tradições amazônicos.

Neste ano o festival reunirá alguns dos cozinheiros mais importantes do País, como Roberta Sudbrack, do Rio de Janeiro, e pela primeira vez será realizado o Chefs na Praça, com barracas montadas no centro da cidade.

O clima de festa começou a esquentar no dia 15, quando o Circuito Gastronômico movimentou restaurantes com pratos criados especialmente para a ocasião. Entre os dias 1º e 14, será a vez de os holofotes voltarem-se para a Exposição Sensorial, instalação inspirada nas riquezas naturais do Pará para estimular todos os sentidos dos visitantes.

E no dia 7 o Chefs na Praça inaugura oficialmente o festival com barracas montadas por profissionais selecionados para apresentar a comida de rua paraense na Praça Batista Campos.

Durante uma semana serão promovidos fóruns, aulas e jantares beneficentes com chefs da região e convidados especiais. Pelo menos 15 cozinheiros de oito Estados já confirmaram participação.

Os mestres-cucas darão aulas gratuitas para alunos do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), assinarão jantares com renda revertida a instituições não governamentais e poderão conhecer a gastronomia e ingredientes paraenses, além de divulgar técnicas e projetos desenvolvidos em suas cozinhas de origem, promovendo uma troca de informações sobre a cultura gastronômica local.

No último dia do evento, dia 14, será revelado o vencedor do Concurso Gastronômico Chef Paulo Martins, com receitas do Brasil todo utilizando ingredientes da região Norte. Na sequência, o tradicional Jantar das Boieiras (mulheres que fazem a boia do mercado Ver-o-Peso) colocará cozinheiras locais ao lado de chefs convidados, que deverão colaborar com os pratos delas criando acompanhamentos e caprichando na apresentação. O público poderá conferir tudo de perto degustando os quitutes feitos a quatro mãos.

Os turistas interessados em conhecer Belém durante o festival Ver-o-Peso têm a opção de comprar um pacote desenvolvido pela organização em parceria com a agência Turismo Consciente (www.turismoconsciente.com.br). São quatro dias e três noites com visita guiada ao Mercado Ver-o-Peso, aulas com chefs convidados, passeio de barco com palestra sobre mel nativo, city tour em Belém, almoços nos restaurantes Lá em Casa e Maloca do Orlando, jantar com menu degustação no Restaurante Remanso do Bosque, seguro-viagem e traslados. A parte terrestre, incluindo hospedagem com café da manhã, sai por R$ 1.750 por pessoa, com descontos progressivos para grupos. Mais informações sobre o festival estão disponíveis no site www.veropesodacozinhaparaense.com.br.

Surf na pororoca

Ainda no Pará, em São Domingos do Capim, a 136 quilômetros de Belém, será realizado entre os dias 25 e 28 de abril o 15º Festival e Surfe da Pororoca. O fenômeno, formado pelo encontro das águas do rio com o mar, pode durar até uma hora e meia e dá origem a ondas de até quatro metros de altura.

Essa região é especialmente propícia para a pororoca. Primeiro, por receber as águas do Rio Amazonas, que a cada minuto lança 12 bilhões de litros no Atlântico. Segundo, por registrar as maiores marés do País - o nível do mar chega a subir até sete metros.

Para completar, os fortes ventos alísios que sopram do Leste fazem com que a maré entre bem de frente no estuário dos rios. As pororocas mais violentas acontecem nos períodos de lua cheia ou nova, entre os meses de março e abril.

A novidade deste ano será a prática do chamado surfe noturno, com pranchas iluminadas com LED. O festival, que acontecia em março, será realizado em abril em razão de fatores climáticos. O Encontro Internacional de Surfe na Pororoca deverá reunir mais de 100 atletas de todo o planeta e terá espaço para os não profissionais na modalidade chamada free surf. Durante o evento também será lançado um livro sobre a história do surfe na pororoca, escrito pelo jornalista Paulo Sílber Noélio.