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Lula já escolheu líder sucessor de Mercadante no Senado
21/08/2009 | 07:53
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Convicto de que na política não há vácuo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva movimentou-se ontem para preencher o lugar de líder do PT no Senado. Pouco depois de o senador Aloizio Mercadante (SP) anunciar sua decisão de renunciar à liderança, no fim da manhã, o presidente já tinha candidato à sua sucessão: João Pedro Gonçalves da Costa (AM), sindicalista que saiu da suplência do ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (PR), para assumir a vaga de titular na condição de amigo pessoal, parceiro confiável e aliado fiel do presidente Lula.

Em meio à crise política que confrontou bancada, partido e Planalto, João Pedro é considerado o perfil mais adequado para substituir Mercadante, pela postura equilibrada e a cordialidade no trato, que lhe garante trânsito fácil no governo, na direção petista e na oposição.

João Pedro também mostrou-se conciliador, quando forçado a ler a nota do presidente do PT, Ricardo Berzoini, no Conselho de Ética do Senado, porque Mercadante se recusava a defender a posição partidária favorável ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em vez de atacar o líder, fez sua defesa na reunião da bancada.

A despeito de apelos petistas para que permaneça no cargo e apesar de a conversa com Lula ainda não ter ocorrido, no início da noite de ontem ninguém tinha dúvidas de que a renúncia é uma questão de horas. Não por Mercadante tê-la anunciado como "decisão irrevogável", mas por ele ter perdido as condições políticas para se sustentar no cargo.

Quando ameaçou renunciar durante a reunião que teve com Berzoini, e a cúpula petista na Câmara e no Senado, antes da reunião do Conselho na quarta-feira, ninguém - nem mesmo João Pedro - ponderou em contrário. Até senadores que lhe pediram para ficar, na última reunião da bancada, avaliam, nos bastidores, que Mercadante cometeu "um erro político enorme". Dizem que, ao se recusar a indicar senadores do bloco governista para as duas vagas de titular do Conselho, Mercadante levou o PT para o "centro do furacão", embora o partido fosse mero coadjuvante na crise do Senado.

Isso, além de ele ter provocado uma crise entre a bancada, o Planalto e a direção partidária e de ser o "culpado" pelo racha interno. Os outros dois votos pró-Sarney no conselho - Ideli Salvati (SC) e Delcídio Amaral (MS) se consideram "traídos e abandonados" por Mercadante.

Anúncio da saída será feito hoje na tribuna da Casa

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) adiou para hoje o pronunciamento que faria ontem para anunciar que deixará o cargo de líder de seu partido. A sessão plenária do Senado às sextas-feiras começa às 9h, e Mercadante marcou seu discurso para as 10h30.

O anúncio ocorre em um momento de crise da sigla. A bancada do PT perdeu quatro senadores desde a eleição de 2002, quando foram eleitos os senadores cujos mandatos terminam em 2011. Essa semana, a senadora Marina Silva (AC) anunciou que, após 30 anos de militância, deixa o PT com a possibilidade de ser candidata à Presidência da República pelo PV.

Ao mesmo tempo, o senador Flávio Arns (PR) expressou a vontade de sair do partido, para concorrer nas próximas eleições por outra legenda. No momento em que a Justiça Eleitoral confirmar as duas desistências, o PT contará com apenas 10 senadores.




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