Economia Titulo Novo Fiesta
Ford investe R$ 800 milhões na região
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
26/03/2013 | 07:36
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André Henriques/DGABC


 

A Ford inaugurou ontem a linha de produção do Novo Fiesta hatch na fábrica de São Bernardo, com investimentos de R$ 800 milhões. O modelo se insere na estratégia da empresa de comercializar, até 2015, apenas plataformas globais (ou seja, carros fabricados com praticamente as mesmas características em diversas partes do mundo) no País. E é o primeiro carro global da montadora produzido na região. O EcoSport, com a mesma característica, é fabricado em Camaçari, na Bahia. Outras montadoras com unidades na região têm estratégia semelhante. Volkswagen, com o Focus, Gol e Voyage, e a General Motors, com Agile, Cobalt e Spin, por exemplo, usam o conceito global.

 

Até 2012, o Novo Fiesta era importado do México e passa agora a ter fabricação nacional. Boa parte do montante investido ocorreu em tecnologias para o produto, mas houve aporte de recursos na unidade fabril. A área de carroceria, por exemplo, foi ampliada e a unidade ganhou nova linha de pintura e de prensas.

Por causa do aumento dos processos automatizados na planta, não houve contratações, segundo o vice-presidente de assuntos corporativos da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb. Atualmente a fábrica, que tem capacidade produtiva de 100 mil carros (produziu 84 mil em 2012) e 50 mil caminhões por ano, conta com quadro de 4.000 funcionários. A expectativa do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, é de que até o fim do ano esse contingente suba para 5.000 empregados, com a expectativa de início de produção da versão sedã do modelo e também de um caminhão extrapesado na unidade do Grande ABC.

O Novo Fiesta brasileiro é grande aposta da fabricante, que espera vender de duas a três vezes o volume que vinha do México - em 2012 foram trazidas 31.582 unidades (nas versões hatch e sedã). Golfarb citou ainda que a opção por deixar de importar não se deveu a limitações impostas pela cota fixada para o comércio com aquele país. "Não influiu na decisão, já tínhamos o objetivo de localizar (fabricar localmente) o produto."

 

ESCOLHA

Por sua vez, a escolha de São Bernardo, de acordo com o executivo, destina-se a balancear o nível das unidades produtivas no Brasil. Isso porque a fábrica de Camaçari já havia recebido investimentos para elevar seus padrões e processos e receber a fabricação global do Novo EcoSport.

Golfarb salientou que com a linha de montagem, embora a empresa não receba os incentivos fiscais que o governo baiano oferece, a produção em São Paulo é compensada pela proximidade com fornecedores e com o principal mercado consumidor, na região Sudeste.

Além disso, parte dos R$ 800 milhões é de recursos provenientes do Pro-veículo, programa do governo paulista para acelerar a devolução de créditos de ICMS a que as indústrias têm direito, em contrapartida a investimentos. "De 2005 para cá, a Ford investiu R$ 2,5 bilhões", assinalou o governador Geraldo Alckmin, que marcou presença na inauguração da linha de montagem.

Com o aporte no novo modelo, que chega ao mercado no dia 20, a intenção da empresa é crescer no segmento dos compactos premium. "A Ford oferece (com o Novo Fiesta) o que há de mais avançado em compactos premium", afirmou o presidente da companhia no Brasil, Steven Armstrong. No mundo, o modelo é o carro mais vendido no segmento: o grupo comercializou 700 mil unidades em 2012.

 

Modelo reforça compromisso com o futuro da fábrica

 

O investimento no Novo Fiesta reforça o compromisso da Ford com o futuro da fábrica de São Bernardo, avalia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. Para ele, esse é o terceiro ciclo de grandes negociações da entidade com a empresa, para garantir a continuidade dessa unidade fabril.

O primeiro, na avaliação de Marques, ocorreu com a conquista da operação de caminhões, transferida do bairro do Ipiranga, em São Paulo, para São Bernardo, há 12 anos, e de novos investimentos nos veículos de carga. Depois, em 2007, o segundo ciclo, quando a fábrica ganhou reforço na área de automóveis, com a chegada do Novo Ka. A planta produz hoje esse modelo, a picape Courier e agora o Novo Fiesta, além de caminhões.

Para o prefeito Luiz Marinho, essa nova etapa é uma recompensa ao esforço dos trabalhadores, que no passado enfrentaram momentos difíceis, no fim da década de 1990, quando havia a convicção entre especialistas de que a Ford sairia da região.

 

 




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