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Setor de logística do País passa por consolidação
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
28/06/2009 | 07:07
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O setor de logística, que abrange atividades de armazenagem e distribuição de componentes e produtos das empresas, tem intensificado um movimento de fusões e aquisições no País. A intenção é atender exigências crescentes do mercado, que demanda grandes investimentos em tecnologia, segundo executivos do segmento.

Exemplo de consolidação foi o que ocorreu na última semana, quando cinco empresas do Grande ABC (a Ajofer, a Fantinati, a Trans-Postes, a Transvec e a Mestralog) uniram-se para criar a Trafti. A nova companhia chega como uma das dez maiores do ramo - com faturamento anual estimado em R$ 258 milhões.

Com a união de forças, o grupo quer alçar voos ambiciosos. Entre os planos, o de expansão para o Norte e o Nordeste e para outros países. Para isso, conta com estrutura que compreende mais de 1.000 veículos, cerca de 50 mil m² de armazéns e equipe de aproximadamente 1.000 funcionários. Além disso, tem know-how em transporte, movimentação em portos, aeroportos e armazenagem para indústrias automobilística, de alimentos, farmacêutica etc.

Para o principal executivo do grupo, Antonio Wrobleski Filho, o mercado exige hoje grandes investimentos em treinamento e sistemas de gerenciamento. Por isso, a fusão era vista como necessidade. "A concorrência é muito grande", afirmou. A previsão da Trafti é investir anualmente em torno de R$ 20 milhões.

A tendência de consolidação no segmento é acompanhada pela Tegma. Sediada em São Bernardo e com 80% de seu faturamento proveniente do setor automotivo. A companhia adquiriu três empresas (Boni/Gatx, CLI e CTV) nos últimos dois anos, que a possibilitaram diversificar (atender também a área química, por exemplo) e ampliar o raio de atuação (obteve operações na Amazônia e no Espírito Santo).

Expandir sua participação no setor nacional também faz parte dos objetivos da Mesquita, empresa do ramo com Centro de Distribuição em São Bernardo que foi adquirida em 2007 pela operadora portuária Santos Brasil.

A empresa, que aplicou R$ 27,6 milhões no ano passado em tecnologia e equipamentos e na ampliação do CD na região, procura oferecer soluções de logística para os clientes de importação e exportação da operadora - que adquiriu em 2008 terminais em Santa Catarina e no Pará. "Quanto maior a escala, menor o custo", afirmou o diretor de logística, Angelo Gilberto Dias.

Potencial de crescimento da atividade é grande no Brasil

A crise financeira global também atingiu o segmento de logística, mas grandes empresas da área têm conseguido se sobressair às dificuldades, por conta do potencial de negócios do segmento no País.

Antonio Wrobleski Filho avaliou que há muito espaço a ser explorado, sobretudo para quem têm condições de investir para atender as exigências do mercado: "Calcula-se que apenas 5% das empresas brasileiras tenham departamento de logística ou contratem companhias do ramo. Nos EUA esse percentual chega a 30%".

Esse é um dos fatores que tem ajudado a Mesquita, por exemplo, que registrar crescimento de 60% no primeiro trimestre frente a igual período de 2008. A sinergia com as atividades da Santos Brasil também ajuda a impulsionar os resultados. Em função do desempenho, a empresa está perto do limite da capacidade em São Bernardo e já busca novas áreas no município para ampliar operações.

A Tegma também se sai bem, apesar da forte retração nas vendas de veículos no fim do ano passado e início deste ano. A empresa registra crescimento de 15% no faturamento no primeiro trimestre frente a igual período do ano passado, por conta de novos projetos e da ampliação de sua estrutura de atuação.

Segundo o presidente dessa companhia, Genaro Oddone, o setor ainda é muito pulverizado, formado por pequenas e médias companhias, panorama que deve mudar nos próximos anos. Wrobleski Filho tem avaliação semelhante: "No segmento de transportadoras, 90% tem menos de cinco caminhões", afirmou.

TRANSPORTES - Na área de transportes, apesar da pulverização, também há grandes companhias, entre elas a TNT, que atua no ramo de cargas expressas e que também tem feito aquisições: a Expresso Mercúrio (em 2007) e a Expresso Araçatuba (em 2008). Além disso, a empresa lançou neste mês um serviço de transporte internacional de cargas, que interliga mais de 30 cidades entre Brasil, Chile e Argentina. A intenção é se consolidar na posição de liderança na América do Sul.




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