Integrante da bancada aliada ao prefeito Aidan Ravin (PTB) em Santo André, o vereador Francisco Alberto, o Alemão do Cruzado (PSL), está revoltado com a aproximação entre governo e oposição. Ele chegou a sugerir a existência de acordo entre as partes.

Na segunda-feira, o prefeito se reuniu com a bancada petista com o objetivo de acalmar os ânimos, uma vez que ambos aumentaram o tom das críticas, partindo para ataques pessoais.

Apesar da negativa dos petistas e do próprio chefe do Executivo, rapidamente foram disseminadas nos corredores da Câmara provocações acerca de um suposto acordo entre PT e PTB, rivais históricos no município.

Alemão não escondeu a insatisfação e, após reconhecer que ficou "incomodado" e "ofendido" com a situação, criticou os petistas, chamando-os de "oposição light". "Ficou feio para eles. Não reconheço mais o PT de antes, considerado radical quando estava na oposição."

O parlamentar do PSL garantiu estar até agora sem entender o encontro. "Para o PT baixar a guarda como o fez, algo grande aconteceu. Não sei o nível da negociação, mas eles não foram parabenizar o prefeito. Isso não saiu de graça. Acho que a sustentação política nesta Casa a partir de agora será de 21 vereadores, e não mais de 15, como era antes", disparou o ex-aliado petista.

"Quando integrei a sustentação do governo do PT (como vereador do PMDB, entre 1997 e 2000), lembro que rejeitávamos todos os requerimento da oposição. Não deixavam passar nada. Agora, pensam diferente?", questionou.

No ano passado, Alemão trabalhou pela vitória do deputado estadual Vanderlei Siraque (PT) à Prefeitura. Eleito, porém, seguiu a maioria e passou a integrar a base aliada de Aidan Ravin. Atualmente, é considerado um dos maiores problemas do PT na Casa, já que se nega a votar em prol da aprovação de contas do ex-prefeito petista João Avamileno.

CRÍTICAS - Aidan e o presidente municipal do PT, vereador Tiago Nogueira, lamentaram as declarações de Alemão do Cruzado. "O PT jamais será da nossa base aliada. Temos ideologias completamente diferentes. A reunião ocorreu em função do amadurecimento deles, já que a eleição acabou e não precisam ficar digladiando para provar que são oposicionistas. Não existe qualquer tipo de acordo", explicou o prefeito.

Tiago rechaçou qualquer possibilidade de entendimento com o governo. "A versão do Alemão é falaciosa. Ele pensa pequeno e diz algo sobre o qual não tem conhecimento."

Segundo o petista, "seria absurdo" a sigla recusar um convite do prefeito para conversar. "Pareceria intransigência. O fato de termos pensamentos, propostas e ponto de vistas diferentes não nos impede de conversar. Faz parte do processo democrático. Se até em situações de guerra há israelenses e palestinos debatendo, quanto mais em um município. Não queremos cargos ou benefícios do governo, e sim respeito", definiu.