Política Titulo Na Assembleia
Debate sobre segurança de urnas não avança
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
02/06/2009 | 07:39
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Mais uma vez o debate sobre a votação eletrônica no Brasil não avançou e esbarrou na defesa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de que "as urnas são seguras e o processo, transparente".

Ontem, em encontro na Assembleia Legislativa, advogados representantes de partidos, jornalistas e o deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB), de Diadema, questionaram a não materialização do voto. Arnaldo Versiani, ministro do TSE e relator das resoluções das eleições de 2010, no entanto, rechaçou a ideia.

"Somos contrários a um processo de impressão do voto. Aliás, isso só tem sentido se for o início de uma trilha de auditoria", rebateu o ministro, que se irritou com algumas críticas feitas no debate e as classificadas como "ácidas".

José Augusto rebateu e afirmou que "ácido foi o desprezo dele com nossas conjecturas", referindo-se aos casos de possíveis fraudes nas urnas eletrônicas denunciados pelo País, inclusive em Diadema.

O pesquisador Clovis Fernandes Torres, integrante do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e que realizou perícia em 5.166 urnas nas eleições de 2006, em Alagoas, aponta que a urna brasileira é inauditável. "Não se consegue provar que houve fraude, mas também não se prova que não houve", afirmou.

Das urnas analisadas, 44% apresentavam o que ele chamou de "perda de integridade", relativa à diferença entre o número de votos dos arquivos de log (espécie de caixa-preta da urna) e o da totalização.

O engenheiro Amilcar Brunazo Filho, autor do livro Fraudes e Defesas no Voto Eletrônico, que defende o voto impresso paralelo como meio para auditar a apuração de urna eletrônica, também criticou o atual sistema. "Desde 2000, tento fazer auditoria nas urnas do Brasil, mas não consigo, assim como o Ministério Público, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e os partidos. O TSE não permite", disse Filho, que avaliou os custos de uma auditoria entre R$ 2 e R$ 3 milhões.

O advogado Alberto Rollo, mediador do debate e um dos organizadores do encontro, relatou casos de recusa de juízes eleitorais em liberar o Boletim de Urna, que permitiria confrontar dados com os números da totalização de votos.




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