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Estatais ampliaram investimentos neste ano
01/06/2009 | 07:08
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As empresas estatais federais pisaram fundo no acelerador dos investimentos este ano. De janeiro a abril, com crise e tudo, já desembolsaram R$ 19,143 bilhões, um aumento de R$ 5,8 bilhões sobre igual período de 2008.

Esse desempenho faz parte da estratégia traçada pela área econômica do governo para evitar que o País encerre 2009 com uma queda no PIB (Produto Interno Bruto).

Juntos, os investimentos das estatais e do Orçamento federal deverão responder por 70% do crescimento do PIB este ano. Pelas estimativas oficiais, a expansão do PIB será de 1%.

Apesar dos esforços do Estado brasileiro em reverter os efeitos da crise, já é dado como certo que, no fim do ano, a taxa de investimentos do total da economia vai apresentar queda, interrompendo trajetória de alta que chegou em 2008 ao recorde histórico de 19% do PIB.

A intenção do governo era atingir a marca dos 25% ainda na administração de Luiz Inácio Lula da Silva, mas esse será um objetivo difícil de cumprir. A retração ocorrerá porque o setor privado vem fazendo o contrário do governo: com a crise, desaceleraram seus projetos de expansão.

SOB PRESSÃO - Mesmo com a aceleração dos investimentos, as estatais poderiam alcançar um desempenho melhor, segundo avaliações do próprio governo. Empresas como Petrobras e Valec, que têm obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) sob sua administração, são pressionadas pelo Planalto a trabalhar mais rápido.

"Pelo presidente Lula já teríamos terminado tudo", disse à reportagem o presidente da Valec, José Francisco Neves, mais conhecido como Juquinha. A estatal, mantida exclusivamente com verbas do Tesouro Nacional, é responsável pela construção da ferrovia Norte-Sul. Até julho de 2010, a estrada de ferro deverá chegar ao município goiano de Anápolis, superando a marca de 1.500 quilômetros construídos no governo Lula.

O trecho já está em obras. Ainda este ano, será lançado o edital para a construção de um novo trecho, que ligará Anápolis a Estrela d'Oeste (SP). Outro edital esperado para o segundo semestre é o da construção de parte de um ramal ligando a Norte-Sul ao Atlântico. A linha irá de Figueirópolis (TO) até Ilhéus (BA), mas o trecho a ser licitado em 2009 é menor: vai até Barreiras (BA). "O Juquinha correu com tudo", afirmou o próprio.

Há empresas que se queixam de entraves administrativos de melhoria de desempenho. A Eletrobrás, por exemplo, já desembolsou R$ 1,170 bilhão nos quatro primeiros meses do ano, 47,7% a mais do que no ano passado. No entanto, terá dificuldades de cumprir as metas do Programa Luz para Todos, segundo informou o diretor financeiro da empresa, Astrogildo Quental.

Serão necessários investimentos de R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões, que sairão de fundos específicos do setor, formados com recursos arrecadados nas contas de luz.

Crise adiou projetos de empresas, segundo BNDES

A crise financeira global deve ser responsável pelo adiamento em dois anos dos investimentos das empresas brasileiras. O cálculo é do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Pela projeção atual, concluída em abril, a previsão é de que em 2012 a taxa de investimento das empresas chegue a 20,8% do PIB Produto Interno Bruto). Em agosto de 2008 - antes da quebra do banco Lehman Brothers, a instituição estimava que se chegaria a 20,9% em 2010 - ou seja, dois anos antes.

Apesar da revisão dos números e do desembolso menor do que o esperado, a taxa de investimento de 2009 deve repetir o desempenho de 2008, de 19%, e voltar a crescer em 2010, quando espera-se que chegue a 19,5%. Os cálculos dos economistas da área de Pesquisas Econômicas do BNDES, Fernando Pimentel Puga e Gilberto Rodrigues Borça Junior, foram feitos com base na demanda de financiamentos junto ao banco até o mês de março e com informações coletadas na empresas.

De acordo com Puga, a taxa de investimento vai se manter em 19% em 2009, sem se abater tanto pela retração econômica global, pois muitas empresas estavam com projetos em andamento e preferiram concluí-los a deixá-los na gaveta.

É o caso da Petrobrás com a aposta na exploração do pré-sal. Petróleo e gás será a área menos afetada pela crise na previsão de investimentos de 2009 a 2012, segundo o BNDES. Os aportes devem bater em R$ 300 bilhões nos próximos três anos.

A segunda maior demanda deve vir das empresas de energia elétrica, com previsão de R$ 141 bilhões em investimentos, seguido por telecomunicações (R$ 78 bilhões), saneamento (R$ 49 bilhões) e petroquímica (R$ 24 bilhões). Em todas essas áreas, os valores mapeados em agosto de 2008 pelos economista do banco são os mesmos apontados em dezembro.




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