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Nardini mantém rotina de caos

No domingo, uma mulher de 38 anos esperou quase seis horas para passar por um cirurgião após queda

William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
11/05/2009 | 07:07
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O Hospital Doutor Radamés Nardini foi mais uma vez cenário exemplar da precariedade no setor de Saúde em Mauá. Ontem, até mesmo o diretor da unidade, João Lázaro, prestou atendimento para auxiliar os plantonistas.

Vítima da crise sem fim, uma mulher de 38 anos esperou quase seis horas para passar por um cirurgião, depois de ter caído em seu banheiro e batido a cabeça na pia.

A saga de Márcia Aparecida da Silva Valharini começou no fim da madrugada de ontem, quando, depois da queda, foi levada à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim São João. Lá, recebeu os primeiros-socorros de forma satisfatória e, posteriormente, foi encaminhada ao Nardini, pois precisava de atenção cirurgica.

Condutora escolar durante a semana, Márcia chegou no hospital por volta das 6h30 em uma ambulância. O caso tido como emergencial foi relegado a segundo plano, quando o médico responsável pelo atendimento disse que não havia cirurgião disponível para solicitar raio-x e fazer os procedimentos necessários.

A paciente, então, teve de se consolar com o banco de espera, onde permaneceu até por volta do meio-dia. Nesse intervalo, com a cabeça ainda bastante machucada, vomitou por duas vezes, sem intervenção médica.

Mesmo dentro do hospital, o socorro só veio quando uma enfermeira notou a situação crítica e pediu que houvesse atendimento o quanto antes.

O marido de Márcia, Evaldo Araújo, 39, se irritou com a longa espera. "Ela ficou o tempo todo sem ser medicada. Aguardou sentada e até passou mal. É uma vergonha que aconteça isso."

Quando a reportagem do Diário chegou ao local, assistentes da Prefeitura foram ao encontro para se inteirar sobre o caso. Ouviram então do marido de Márcia o que havia ocorrido. O diretor do hospital, João Lázaro, foi chamado para tentar esclarecer a situação.

O responsável pela unidade afirmou que um dos três cirurgiões previstos para o plantão havia faltado ao serviço. Porém, afirmou que existia, sim, dois especialistas disponíveis para prestar o auxílio - um era ele próprio.

"Também sou cirurgião e estava, logo no início da manhã, na parte de cima do hospital, atendendo outros pacientes. A gente se divide entra a emergência e demais setores", explicou Lázaro.

O diretor acredita que houve uma conduta incorreta no caso de Márcia. Um erro de comunicação teria permitido que a paciente, mesmo precisando de atendimento específico, permanecesse à espera numa cadeira, sem qualquer atenção.

João Lázaro prometeu que a situação do Nardini deve mudar brevemente com a contratação de mais médicos, o que resolveria um dos problemas crônicos do hospital.

A situação do Nardini foi tida como o principal problema a ser resolvido pela Prefeitura de Mauá e Consórcio Intermunicipal no início do ano. Planos de recuperação da unidade ainda não saíram do papel e governos estadual e federal permanecem distantes.




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