Economia Titulo Inflação
Índices de preços tendem a convergir no longo prazo
Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
20/04/2009 | 07:30
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Apesar da aparente diferença entre os diversos índices de preços divulgados diariamente no País, a tendência é que, a longo prazo, todos tenham resultados bastante parecidos.

"Todo medidor de inflação se refere a uma cesta determinada", explica o economista e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) André Chagas. Essa cesta inclui, em sua maioria, itens básicos de consumo de uma família brasileira. Boa parte da diferença entre um índice e outro fica por conta da faixa salarial pesquisada. No entanto, em épocas de estabilidade de preços, os resultados tendem à convergência.

"Depois do plano real, não faz mais sentido acompanharmos tantos índices de preços", afirma Chagas. A grande diversidade de medidores de inflação vem das épocas da chamada ‘inflação galopante', na década de 1980, no Plano Cruzado. As diferentes formas de cálculo traziam mais precisão e credibilidade aos preços praticados. "Com a inflação muito alta, sempre havia diversas controvérsias. Com isso, para cada interesse surgia um novo índice", afirma o economista. Um exemplo é o ICV (Índice de Custo de Vida), realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), que foi criado por sindicalistas, uma vez que era necessária uma base confiável para a negociação dos ajustes de salário conforme a inflação.

Hoje, para a interpretação do cenário econômico, qualquer índice pode ser avaliado. No entanto, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é considerado o índice de preços oficial do País. "O IPCA é o mais genérico, pois aborda a cesta de compras de um público que ganhe até 40 salários mínimos", lembra o pesquisador da Fipe.

Chagas aponta que, embora não seja necessário tamanha diversidade de índices, a ampliação das regiões pesquisadas pelo IPCA traria mais precisão à pesquisa. "O índice do IBGE fala das 11 principais regiões metropolitanas do País. A população das cidades do interior tem crescido muito e fica de fora do cálculo. O ideal seria que algumas cidades começassem a participar da apuração do índice."

Banco Central usa IPCA como base para política de juros

As políticas de juros praticadas pelo Banco Central têm como uma das principais ferramentas a inflação do País. Através desse indicador, a entidade avalia a necessidade de expandir ou retrair o consumo da população.

Atualmente, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístca) e considerado inflação oficial do País, é o índice avaliado pelo Copom (Comitê de Política Monetário) na construção da taxa básica de juros.

A relação é pautada pelo consumo. A inflação determina qual o nível de consumo da sociedade. Uma alta muito forte no consumo gera inflações mais altas, por excesso de demanda diante da oferta do mercado.

No entanto, esse excesso de demanda pode iniciar um movimento nada positivo para a economia nacional, incluindo bolsa especulatória, devido a larga quantidade de crédito disponível. Com isso, o governo lança mão da Selic como ferramenta para reduzir o volume de dinheiro em circulação.

Embora não paute diretamente os juros cobrados do consumidor, é com essa taxa que as instituições financeiras trabalham na captação de recursos para emprestar aos seus clientes. A Selic, custo do dinheiro, somada ao spread bancário, que adiciona taxas e o lucro dos bancos, compõem os juros praticados em empréstimos, cheques especiais e outras formas de crédito.

Assim, ao aumentar a Selic, o Banco Central acaba por encarecer o crédito disponível ao consumidor, desencorajando a contração de dívidas e financiamentos e reduzindo seu poder de compra. Com essa desaceleração, os preços praticados no mercado voltam a um patamar praticável.

No entanto, o custo do crédito no País é uma das principais reclamações de empresários e consumidores. O argumento de boa parte desses públicos é de que atualmente o processo inflacionário é estável e não demanda intervenções tão severas vindas de Brasília.




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