Os analistas das principais instituições financeiras do País diminuíram mais uma vez a projeção de desaceleração da economia brasileira neste ano. Segundo o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo BC (Banco Central), a previsão de retração do PIB passou de 0,19% para 0,30% em 2009.

Há cerca de um mês, a projeção era de uma alta de 1,2%. Caso a estimativa da pesquisa divulgada hoje se confirme, será a primeira contração da economia desde 1992, quando o PIB diminuiu 0,54%. Já para 2010, a expectativa ficou inalterada em 3,5%.

O próprio BC reduziu a estimativa para 2009, de 3,2% para 1,2%. O governo federal também baixou a meta de crescimento da economia para 2009, de 3,5% para 2%. Foi a quarta vez que o governo revisou a estimativa deste ano – antes do agravamento da crise financeira mundial, a projeção de crescimento era de 5%.

O pessimismo em relação ao crescimento da economia ficou maior depois que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou que o PIB (Produto Interno bruto) brasileiro registrou retração de 3,6% no quarto trimestre de 2008, reflexo do agravamento da crise mundial no País.

O boletim Focus também diminuiu ainda mais a previsão para a produção industrial, de -3,06% para -3,56% em 2009. Já para o ano que vem, o mercado manteve a expectativa de alta de 4%.

Selic e dólar – Para a taxa básica de juros do País, os analistas mantiveram a mesma previsão da semana passada, de 9,25% até o final deste ano. Se os analistas acertarem, será a primeira vez na história em que a taxa será fixada em apenas um dígito, ou seja, abaixo de 10%.

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no dia 11 de março, os juros sofreram um corte de 1,5 ponto percentual e passaram de 12,75% para os atuais 11,25% ao ano – o menor patamar da história do Comitê. Para a próxima reunião do colegiado, em abril, o boletim Focus manteve a previsão de que a taxa deve cair 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano.

Em relação ao dólar, a projeção do mercado manteve-se em R$ 2,30 para 2009; no ano que vem, ficou estável em R$ 2,29.

Inflação – O desaquecimento da economia fez com que os analistas financeiros apostassem que a inflação ficará abaixo do centro da meta do BC, de 4,5% para 2009. A expectativa para o IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo), índice que mede a inflação oficial no País, este ano diminuiu de 4,26% para 4,25%.

Em relação a outros indicadores inflacionários, a projeção do mercado para o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) recuou de 3,03% para 2,41%; o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) diminuiu de 2,71% para 2,22%; e o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) caiu de 4,37% para 4,36%.