Política Titulo Grupo dos quatro
Aliados de Marinho criam bloco híbrido em São Bernardo

Prefeito perde 4 vereadores do DEM e PPS, que estarão com 1 pé na oposição e outro na situação

Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
04/04/2009 | 08:33
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Se não bastassem as quatro derrotas sucessivas na Câmara com a atual composição, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), sofreu outro revés. Os quatro vereadores do DEM e do PPS - que declararam apoio ao PT no segundo turno da eleição majoritária e faziam parte, até ontem, da bancada governista - formaram um bloco central. Na prática, os integrantes dessa bancada estão com um pé na oposição e outro, na situação.

O bloco híbrido é formado por Otávio Manente (PPS), Marcelo Lima (PPS), Ramon Ramos (DEM) e Fábio Landi (DEM). Eles afirmam, no entanto, que a pretensão não é "atrapalhar" a governabilidade do chefe do Executivo, mas exercer o papel de agente fiscalizador. "Continuamos dando tranquilidade ao Marinho dentro da Câmara, mas não vamos dizer amém sempre. Só para o que for bom para a cidade", justificou Ramón Ramos.

Otávio Manente, que assegurou a presidência da Casa depois de declarar apoio ao prefeito, explicou que tal formação irá fortalecer o trabalho dos integrantes do grupo dos quatro. "Teremos mais força para discutir projetos com o Executivo." Para Ramón, o intuito é mostrar que o bloco representa votos importantes na Casa. "Formamos o grupo porque não somos do PT."

Com a mudança no cenário do Legislativo, Marinho não terá mais 11 vereadores declaradamente governistas contra dez oposicionistas - PSB, PSDB e PMDB. "Fica muito claro que o prefeito perderá força. A partir de agora ele terá de negociar a votação de projetos duas vezes: com a bancada governista e com a do meio, que ficará um pouco à margem para negociar projetos. E aí, é óbvio que a oposição ganha, pois poderá rejeitar projetos com ajuda desse bloco", analisou o jurista Alberto Rollo.

Toda essa movimentação, segundo os integrantes do bloco,leva em conta as eleição de 2010 para governador. Embora apóiem o PT em São Bernardo, DEM e PPS têm posicionamentos distintos no âmbito estadual. A tendência é que o PPS se alinhe ao PMDB e o DEM, ao PSDB. "O município tem uma realidade diferente do Estado e do País. O nosso alinhamento com o Marinho teve o aval do prefeito de São Paulo e presidente estadual do DEM, Gilberto Kassab. Na eleição para governador, vamos seguir a conduta do partido. Aí é outra história", afirmou Fábio Landi. "A nova bancada cria uma separação e facilitará um possível rompimento", concluiu Rollo.

Líder de governo desconhece formação

A notícia da criação de uma bancada híbrida dentro da Câmara, formada pelos vereadores do PPS e DEM causou estranheza ao líder do governo na Casa, José Ferreira (PT). "Não estou sabendo disso, mas acho difícil porque eles são muito fiéis ao governo Luiz Marinho. A gente sempre discute juntos os projetos."

Apesar da surpresa, Zé Ferreira acredita que a mudança não deverá prejudicar a governabilidade do chefe do Executivo. "Isso faz parte da democracia. O PT sempre esteve e sempre vai estar aberto para as discussões com todos os partidos e acredito que, se o posicionamento deste grupo for aprovar o que é bom para a cidade, os projetos do prefeito serão aprovados."

Nos quase 100 dias de governo, Marinho já sofreu quatro derrotas no plenário. A última ocorreu na quarta-feira, quando os três projetos que fazem parte da reforma administrativa - criação da Secretaria de Segurança Urbana, mini-reforma na Saúde e reforma geral - foram rejeitados depois de uma costura do bloco oposicionista. A justificativa usada pelos vereadores do PSDB, PSB e PMDB foi de inconstitucionalidade das matérias.

Antes de ir à votação, os projetos tinham recebido pareceres desfavoráveis das comissões de análise e foram substituídos pelo Executivo. O fato foi considerado a terceira perda. Dias antes, a oposição exigiu que o presidente da Casa, Otávio Manente (PPS), redistribuísse os projetos para análise de todas as comissões.

As primeiras sessões na Casa foram marcadas pela discussão sobre a legalidade das eleições que definiram os integrantes das 15 comissões permanentes. A decisão final foi dada pela Justiça, que anulou a primeira votação que dava o comando de cada uma delas apenas a componentes da bancada governista. Essa foi a primeira derrota da base aliada.




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