Consciente da falta de apoio na Câmara para aprovar as contas referentes ao mandato de 2006, o ex-prefeito de Santo André João Avamileno (PT) mudou de posicionamento e solicitou à bancada do PT na Casa para adiar a votação, pouco antes da matéria ir a plenário.

Previsto para ser votado ontem, o parecer de rejeição ao balanço financeiro dado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) foi adiado por 10 sessões, para 12 de maio. Caso seja derrotado na Câmara, o ex-prefeito pode ficar inelegível por cinco anos e, assim, de fora de uma provável disputa à Assembleia Legislativa.

Com isso, PT e Avamileno ganham tempo para viabilizar dois votos, que, somados aos 12 já certos, dão o quociente mínimo para derrubar o parecer do tribunal na Câmara.

Para isso, o prefeito de Santo André entre 2002 e 2008 adotará uma estratégia diferente da utilizada até agora, que era dialogar só com vereadores: vai conversar, também, com as executivas dos partidos. "Se os vereadores vão seguir a designação partidária, vamos conversar com os dirigentes", explicou Avamileno.

A decisão se justifica por não ter conquistado o voto de Gilberto Wachtler (PTB). Correligionário do prefeito Aidan Ravin, Wachtler havia declarado posição favoravel às contas. No entanto, o PTB confirmou ontem que a orientação do partido é para que os vereadores mantenham o parecer do TCE.

Além disso, o voto de Francisco Alberto, o Alemão do Cruzado (PSL) ainda não é certo, embora o parlamentar tenha dito que a tendência é de que ele vote pela aprovação.

Diante desse quadro, Avamileno admite que tentará conquistar o apoio do DEM, fato confirmado pelos petistas. "É necessário uma conversa com o Salles (Raimundo Salles, presidente do DEM andreense)", avaliou o vereador Tiago Nogueira (PT), vereador e presidente municipal da sigla. Salles já indicou aos três vereadores democratas que rejeitem as contas, posição que já foi confirmada pelos parlamentares.

Jurandir Gallo, líder da bancada petista, afirma que Avamileno pode totalizar 16 votos. Fora os 12 já certos (PT, PMDB, PSB, PDT e PV), os outros quatro votos viriam, segundo Gallo, de Alemão do Cruzado, Gilberto Wachtler, além de, pelo menos, dois votos do DEM. (Supervisão Sérgio Vieira)