A Volkswagen decidiu surfar na Onda Verde em outras praias. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos os carros ecologicamente corretos já fazem, de certa forma, parte do dia a dia, a montadora de origem alemã resolveu buscar novos ares em solo brasileiro e trouxe para cá o Polo BlueMotion - versão do nosso Polo tradicional, mas com mudanças aerodinâmicas e mecânicas que resultam em redução média de 15% do consumo de combustível e, consequentemente, menor emissão de gases poluentes.

Disponível nas concessionárias desde fevereiro, o preço do BlueMotion parte de R$ 46.270, oferecendo, de série, direção eletro-hidráulica, ar-condicionado Climatronic e exclusivo acabamento dos bancos em tecido Popcorn Silver - vidros e travas elétricas são apenas opcionais. Completinho, com air bag duplo, controlador de velocidade, freios ABS e sensor de chuva, o valor do ‘econológico' salta para R$ 55.380.

Identificar um BlueMotion nas ruas é fácil. Esteticamente, o modelo passou por alterações marcantes em relação ao Polo convencional. A começar pelas chamadas Aero Parts, que são nada mais do que equipamentos, como spoilers inferiores na dianteira e na traseira, aerofólio acoplado à tampa do porta-malas, saias laterais e exclusiva grade do radiador, que melhoram o coeficiente aerodinâmico ou, trocando em miúdos, possibilita ao carro oferecer menor resistência ao ar - o que ajuda o BlueMotion a tornar-se menos beberrão.

Ainda só observando, também é possível identificar outra profunda diferença: a altura em relação ao solo. O BlueMotion é 15 milímetros mais baixo em virtude de um novo acerto do conjunto de suspensão e do menor perfil dos pneus ecológicos, que possuem sílica em sua composição e são menos resistentes ao atrito.

Com esse jogo de rodas, os pneus ecológicos e outros itens mais leves, o BlueMotion perdeu 34 kg em relação aos demais irmãos. E mesmo com as Aero Parts, que pesam 8 kg, o novo integrante da família Polo é 26 kg mais magro.

MECÂNICA - O Polo BlueMotion também sofreu profundas alterações nas suas entranhas. A mais significativa está na transmissão, que teve toda sua relação alongada em virtude de um novo diferencial. A quinta marcha, por exemplo, é 21,6% mais comprida, o que gera menor nível de ruído e consumo em altas velocidades. Já a primeira e a segunda marchas foram alongadas em 5,9% e 7,6%, respectivamente, mantendo a agilidade do Polo no perímetro urbano.

Para que não ocorresse perda excessiva de potência com a nova relação da transmissão, o motor 1.6 VHT Total Flex - o mesmo do Polo convencional - precisou ser recalibrado.

Volks mira 300 unidades/ano

Consciente de que mudar a cabeça do consumidor não é algo que acontece de uma hora para a outra, a Volkswagen não faz mistério e revela: quer vender apenas 300 unidades do Polo BlueMotion em 2009 - média de simplórios 27 carros por mês.

No entanto, se analisarmos os números de vendas da família Polo convencional (1.6, Sportline e GT), a projeção da Volks torna-se ousada. Em janeiro deste ano, por exemplo, foram emplacadas 942 unidades, de acordo com informações da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Em fevereiro, os números foram ainda menores: 690.

A concorrência, por sua vez, vai muito bem, obrigado! O Chevrolet Astra, por exemplo, emplacou 1.910 unidades em fevereiro. Já o Fiat Punto fechou fevereiro com números saudáveis: 1.594 carros.

A realidade é dura. O Polo não vai bem das pernas no quesito vendas, apesar dos bons predicados que possui. E a versão BlueMotion, assim como a recém-apresentada E-Flex, pintam como uma alternativa de alavancar os números.

BLUEMOTION - O movimento BlueMotion na Europa existe desde 2007. Lá, além do Polo, há outros modelos que seguem a linha ecológica, todos com motores a diesel (TDI). No Brasil, dependendo da receptividade do consumidor brasileiro, a Volks não descarta ter um BlueMotion em outros modelos. Gol e Fox estão na fila!

Índices de consumo agradam

Para conhecermos melhor o Polo BlueMotion, a Volks preparou um percurso de 307,4 quilômetros entre as cidades de Guarulhos e Limeira (SP). Com o objetivo de mensurar o consumo de um Polo normal e do BlueMotion foram instalados equipamentos medidores utilizados pela própria montadora em testes oficiais de consumo.

Pelas rodovias bem asfaltadas do Estado, o BlueMotion mostrou desenvoltura. Trafegando em quinta marcha, a 120 km/h, o contagiros marcava apenas 2.600 rpm e o nível de ruídos era baixo.

O ponto negativo ficou por conta das lentas retomadas quando o bloco 1.6 VHT Total Flex perdia o fôlego. Não foi raro reduzirmos uma marcha para realizar uma simples ultrapassagem.

A aderência, por sua vez, mostrou qualidade, apesar dos pneus mais finos e calibrados com 42 libras - os de um Polo comum contam com 27 libras. O acerto da suspensão, mesmo mais baixo que o normal, manteve rigidez agradável, sem abrir mão do conforto satisfatório.

Mas foram os números de consumo que realmente justificaram a fama de carro ecológico. Rodando apenas com álcool, o BlueMotion manteve uma média de 12,6 km/l, contra 10,1 km/l do Polo 1.6 Sportline - diferença de 24,56%. Com gasolina, os números também foram interessantes: 17,7 km/l com o BlueMotion e 14,8 km/l com o Sportline - diferença de 19,53%.