Economia Titulo Juros
Venda parcelada retorna com juros mais altos
23/03/2009 | 07:09
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A venda parcelada, que turbinou o faturamento do comércio no período pré-crise, reaparece no mercado de consumo com prazos quase tão longos quanto antes, mas com juros mais elevados.

Em agosto, antes de a quebra do banco americano Lehman Brothers deflagrar a crise financeira internacional, bens duráveis eram comprados "a perder de vista', com juros que chegavam a 18,7% ao ano, no caso de veículos, e 45,1% ao ano para artigos de varejo, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

A distensão dos financiamentos ao consumidor vem acompanhada de juros também "encorpados". Em janeiro, as taxas já estavam em 23,2% e 54,2%, respectivamente. O financiamento de automóveis, que chegou a ser feito em 84 meses (7 anos) durante o "boom" de consumo, encolheu para 36 meses (3 anos) em outubro.

Este mês, segundo dados da Associação Nacional das Instituições de Crédito Financiamento e Investimento (Acrefi), o prazo esticou para 48 meses.

"Está longe de ser o que era antes, mas já aponta uma maior confiança na economia no longo prazo. Mas é certo que dificilmente retornaremos a um parcelamento de 84 meses, o que já era um prazo considerado muito longo até para tempos de grande liquidez", afirma o presidente da Acrefi, Adalberto Savioli.

Apesar de a Acrefi ressaltar que os juros ao consumidor ter variado pouco do patamar antes da crise, levantamento do consultor Roberto Luis Troster, ex-presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), com base em dados do Banco Central, indica que as taxas subiram sim, depois da crise. Chegaram ao ápice em dezembro do ano passado, quando bens de varejo eram financiados com juros anuais de 60,7%.

Naquele mês, os juros do cheque especial atingiram 162,4% ao ano e o crédito pessoal, 47,5%. Em janeiro (o dado mais atualizado), houve um ligeiro recuo nas taxas cobradas ao consumidor, à exceção dos automóveis, que mantiveram o nível de dezembro.

Entre os fatores que podem ter impulsionado a expansão do prazo para o crédito na compra de automóveis, Savioli cita a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns modelos de carro.

"Isto deu fôlego às vendas e propiciou a volta de prazos mais longos", completa ele. O presidente da Acrefi também cita a redução do compulsório como um fator relevante "que ajudou a dar liquidez no mercado de crédito". Já Roberto Troster ressalta que as medidas tomadas pelo governo para garantir a liquidez ainda são insuficientes.

"O IPI dos carros foi reduzido, mas outros impostos como o IOF (sobre operações financeiras) , PIS e Cofins não. Os spreads cobrados no Brasil estão bem elevados, mas podem se elevar ainda mais caso a liquidez do mercado encolha", avalia o executivo.

A recuperação foi ainda mais rápida no financiamento para a compra de motos. De acordo com a Acrefi, antes de setembro, o parcelamento médio chegava a 60 meses, período que recuou para 48 meses no auge da crise. Em fevereiro, o número de prestações retornou a 60 prestações. "Tanto nas motos, quanto nos automóveis, o alongamento do crédito começou a ganhar força em fevereiro", acrescenta.




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