Turismo Titulo Clima de interior
Calor e receptividade na capital do Mato Grosso do Sul

Estado esbanja belezas naturais, história e simpatia envoltas entre clima interiorano e de cidade grande

William Cardoso
Enviado a Mato Grosso do Sul
26/02/2009 | 07:00
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Uma família de capivaras passeia tranquila pelo gramado extenso, no fim de tarde de um dia de semana qualquer. Os moradores caminham com a mesma calma por alamedas arborizadas ao pôr do sol. É assim que Campo Grande mostra-se ao visitante recém-chegado, aquele que imaginou na cidade apenas um ponto de transferência até o Pantanal.

Mas a capital do Mato Grosso do Sul ambiciona ser mais do que chão de passagem. Não se contenta somente em abrir as portas para a natureza exuberante das árvores cheias de pássaros, rios repletos de peixes e córregos serpenteando entre milhares de jacarés de um rincão exótico, mas ao mesmo tempo tão familiar, no interior do Brasil.

A cidade grande com seus quase 800 mil habitantes desafia a lógica dos aglomerados urbanos convencionais. Consegue sugerir um clima interiorano, despojado de formalidades ou tempo contado para se viver em paz.

A vastidão do terreno plano, com leves ondulações, serve de prancheta para que as pistas largas, divididas por longos canteiros, levem de um canto ao outro. Da região central à aldeia urbana. Do Parque das Nações Indígenas ao campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, local onde foi construído o Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, que almeja receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Não há trânsito carregado nem congestionamentos.

O ar é quente, abafado, proporcional ao clima caloroso com que o visitante é recebido. Não há meias-palavras, nem cerimônia. Há mesa farta de comidas típicas, que nem são tão estranhas assim ao morador das grandes regiões metropolitanas do País. O ‘exotismo', aqui, é a fartura com que o bife de picanha se estende no prato ou o filé de pintado ‘nada' entre pedaços de guariroba (uma espécie de palmito).

Sim, a culinária é simples e agradavelmente saborosa em Campo Grande. E a impressão de quem a vê pelo retrovisor, já se distanciando em meio à poeira, é de que servir os aperitivos daquilo que se conhecerá mais adiante, lá nas planícies alagadas, é questão de honra para quem tem a alma pantaneira. E isso sobra na capital do Mato Grosso do Sul.

O repórter viajou a convite da Prefeitura de Campo Grande.

Parques na metrópole

Campo Grande faz questão de trazer para mais próximo de seus moradores o que nem tão longe assim está. São vários os parques que tornam a cidade agradável, aconchegante em sua simplicidade.

O Parque das Nações Indígenas tem 119 hectares e é considerado o maior do mundo em perímetro urbano. As pessoas que por lá passeiam no fim de tarde encontram uma infraestrutura completa, com banheiros, lanchonetes, quadras e pátio para esportes radicais.

Quem faz sucesso entre os visitantes, porém, é a pista de caminhada, com quatro quilômetros de extensão. É por lá que casais de namorados, amigos e famílias passeiam de forma despreocupada.

Como moldura, a flora que cerca o lugar. Os gramados e árvores ornamentais compõem aproximadamente 70% da vegetação. O restante são espécies preservadas, como jenipapo, mangueira e aroeira.

Todo parque tem seu lago, e o das Nações Indígenas não é diferente. O espelho d'água ali é abastecido pelo Córrego Prosa e reflete os últimos raios do sol, que se esconde vagarosamente atrás dos edifícios da Cidade Morena, antes de a noite chegar.

Os moradores e visitantes têm à disposição pelo menos uma dezena de espaços públicos arborizados onde encontram sossego e tranquilidade. O Parque dos Poderes, o Anhanduí e o Ayrton Senna são outros onde também se pode ver de perto a fauna local em harmonia com a vegetação nativa.

Gastronomia é farta e de muitos sabores

É na simplicidade que se sustenta a gastronomia de Campo Grande, prato cheio para quem gosta de pouca formalidade e muitos sabores.

A população local deixa a fama dos pampas de lado e exalta o churrasco pantaneiro como o melhor do Brasil. E ele, de fato, pode ser saboreado em todos os cantos da cidade, de restaurantes que oferecem uma ‘rusticidade requintada' à casa de conhecidos. Certo é que a carne servida na cidade entusiasma qualquer aficionado pelo espeto sobre o carvão em brasa.

Das pastagens aos rios, o que alimenta a curiosidade de quem passeia por Campo Grande é o tempero forte, que quer deixar a sua marca registrada. A fama construída a partir do sabor dos peixes locais é merecida, e o pintado reina absoluto nas mesas dos restaurantes. Frito, assado, em postas, ao molho, empanado e até em forma de um inusitado pastel, recheado por queijo. É difícil se contentar com pouco.

Campo Grande também tem a sopa paraguaia, aquela que não se come de colher. Apesar do nome, é uma torta salgada, à base de milho e bem condimentada por cebola e pimenta. Pode-se provar a qualquer hora do dia, e alguns pedaços já dão o peso e o sabor de uma boa refeição.

A influência oriental vem de um macarrão servido em cumbuca, misturado a legumes, carne, omelete e shoyo. Não é o yakissoba. É o sobá, que chegou à cidade com os imigrantes japoneses de Okinawa. É encontrado por todos os lugares na capital e servido com fartura. Como tudo em Campo Grande.




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